Dia Internacional dos Museus remete à construção do futuro

Dia Internacional dos Museus, comemorado neste dia 18, não é somente uma data para lembrar a importância da preservação das memórias dos povos. Ao Brasil, remete à uma questão crucial no atual momento político, econômico, social e cultural, que requer a recuperação da memória recente do país, a qual traz à tona recente cessão de direitos humanos e supressão da democracia. Trata-se, então, da necessidade de recuperar o passado para não deixá-lo se repetir, ou seja, usar os erros cometidos outrora para lutar por cidades mais justas, por educação para todos, por uma distribuição de renda igualitária, política honesta e democrática.

De acordo com a integrante da diretoria executiva da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Juliana Betemps, o Dia Internacional dos Museus serve para refletirmos sobre o uso do passado como orientação para o futuro. “Hoje, lembramos o dia da preservação da nossa memória. História esta que irá subsidiar nosso povo a planejar seu futuro, seja nas eleições, seja no dia a dia”, exemplifica.

Um dos símbolos da perda da memória brasileira foi o incêndio ocorrido no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2 de setembro do ano passado. O acidente destruiu parte significativa de um dos mais importantes acervos históricos e científicos do país, e deixou em ruínas o antigo Palácio Imperial, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Nivaldo de Andrade Júnior, este foi o acontecimento mais grave dentro da atual crise das instituições culturais no Brasil. “A recuperação de ambos os patrimônios é, sem dúvida, o grande desafio a ser enfrentado, nos anos vindouros, pelos gestores públicos, arquitetos, museólogos, restauradores e demais profissionais brasileiros atuantes no campo do patrimônio e museologia”, destaca. Nivaldo sugere, inclusive, que o projeto de restauração arquitetônica do Museu Nacional seja escolhido através de um concurso público internacional, como acontecerá com o projeto de reconstrução da agulha de Notre Dame de Paris, que, há pouco mais de um mês, caiu após um devastador e semelhante incêndio.

Para aproximar a comunidade dos museus, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram) criou a Semana Nacional dos Museus que, neste ano, está na 17ª edição. Com início no último dia 13 e término no próximo domingo (19), a temporada envolve 1.114 instituições de cultura de todo o país, que oferecem ao público 3.222 atividades especiais, como visitas mediadas, palestras, oficinas, exibição de filmes, dentre outras atividades. “Essa mobilização é muito importante, pois é uma oportunidade de aproximar a comunidade dos museus. É uma forma de levar a sociedade para dentro desses espaços e dialogar sobre seus valores simbólicos”, afirma o conselheiro titular do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (CEC-RS), representando o segmento de Bibliotecas, Museus, Arquivos e Patrimônio Artístico e Cultural, Jorge Stocker.

Foto: Resende Luan / Istock

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