Defesa da democracia é caminho do fortalecimento sindical

Como fortalecer a categoria dos Arquitetos e Urbanistas com um mercado de trabalho cada vez mais descentralizado? Essa foi a pergunta que norteou a primeira manhã de discussões do ERSA Sudeste e Centro-Oeste neste sábado (28/05). A resposta, convergiram os participantes, é reforçar a importância da democracia como base para garantir o direito dos trabalhadores. “Sem democracia, não há sequer a possibilidade de discutirmos os problemas das categorias ou pensarmos em diferentes vias”, defende a arquiteta e urbanista, e conselheira do Instituto Lula, Clara Ant. O debate ainda contou com a participação do diretor financeiro da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ariovaldo Camargo, do coordenador técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Victor Pagani, do representante da Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) Nilton Freitas e do presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de São Paulo (SASP), Marco Antonio Teixeira. A mediação ficou por conta da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia.

A partir de um contexto histórico sobre a política trabalhista no país e no mundo, Camargo defendeu que é imprescindível discutir a reconstrução dos sindicatos e dos direitos do trabalhador. “O baque causado pela Reforma Trabalhista foi imenso. Perdemos força em instrumentos essenciais como as negociações e os acordos coletivos de trabalho, com cláusulas que permitam a manutenção das estruturas de defesa de direitos dos trabalhadores”. O diretor financeiro da CUT ainda destacou que os sindicatos também podem ser uma fonte de informação, conteúdo e conhecimento dos seus trabalhadores. “Com uma checagem confiável de fatos, podemos mobilizar para os reais problemas enfrentados pela população”.

O enfraquecimento das organizações sindicais também está atrelado à mudança do mercado de trabalho causada, principalmente, pelo advento da tecnologia. Pagani afirma que o maior desafio do sindicalismo é discutir uma defensa perante a essa nova realidade. “A uberização e a pejotização dos trabalhadores são formas de descentralizar a classe, porque os afastam dos seus locais de trabalho e da troca direta de ideias. Isso desafia os sindicatos a convencerem seus profissionais, de forma eficaz, que coletivamente há mais força de barganha”. O coordenador técnico do Dieese destacou que a aproximação com os estudantes, por exemplo, pode ser uma saída, principalmente porque os atuais profissionais são os mais fragilizados. “Inserir um novo profissional no mercado já ciente de todos os desafios e possível soluções é uma frente importante de trabalho”, sugere.

A precarização das relações trabalhistas, entretanto, é uma realidade que afeta a todos. “Falando mais especificamente dos profissionais na construção civil, onde há alta rotatividade de trabalhadores, sindicalizar é um grande desafio. Os trabalhadores da área precisam de sindicatos dentro dos canteiros de obras. É inimaginável discutir sindicalismo de empresa em empresa. As categorias que atuam na construção civil precisam estar articuladas, ganhando uma força única ”, explica Freitas. A ideia também é defendida pelo presidente do SASP, que reforça na importância da mobilização dentro da Arquitetura e do Urbanismo. “O canteiro de obras precisa ser nosso. Estar presente e fornecer uma formação dentro dele, é uma forma de mostrar que a luta é coletiva”. A presidente da FNA, Eleonora Mascia, destacou que a Cartilha do Projeto T.A.B.A., lançada durante o evento, busca “mobilizar a categoria para que se compreenda enquanto classe trabalhadora e possa estar atuante na luta por direitos”.

O presidente do SASP ainda lembrou que a consciência política é uma tarefa importante dos sindicatos. “A categoria precisa eleger quem nos represente de fato dentro do Legislativo. Não podemos formar uma Câmara que esteja interessada em acabar com nosso Salário Mínimo, por exemplo”. Foi com essa ideia que Camargo retomou as discussões sobre a força do poder popular. “Vemos inúmeras pessoas em situação de vulnerabilidade elegendo deputados, vereadores, governantes que não os representam. Precisamos organizar comitês populares, mobilizar a população mais atingida para que ela compreenda sua própria realidade e possa se mobilizar pela defesa dos seus direitos”.

A manhã ainda foi marcada pela prestação de contas da FNA, realizada pela representante da VSS Contabilidade Jennyfer Silveira.

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