Sasp repudia ação da Prefeitura de São Paulo na região da Cracolância

O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp) repudiou a ação da Prefeitura de São Paulo contra as pessoas que ocupam a região da “Cracolândia”, no centro da cidade. Desde domingo (21/05), por meio de um decreto do Executivo, policiais fazem intervenções urbanas na região. Em uma dessas ações, em que era realizada a demolição de imóveis, três pessoas ficaram feridas.

Uma escavadeira da prefeitura deu início à demolição de uma pensão ainda com pessoas em seu interior. A administração municipal confirmou que os moradores ficaram feridos. No texto, o Sasp comenta “o quanto prejudicial é essa ‘gestão’ territorial para nossa cidade, que exclui o fator humano e a possibilidade de construir cidades socialmente mais justas”. Além disso, o sindicato reforça que “não aceitará ações autoritárias e unilaterais como essas. Denunciamos e iremos às últimas consequências legais para defender uma cidade mais humana, justa, solidária e com qualidade de vida”.

 

Confira a nota na íntegra:

 

Ação na Cracolândia reafirma: vidas não têm valor quando os interesses em jogo são os do mercado imobiliário

O SASP repudia a ação desferida pela Prefeitura Municipal de São Paulo contra as usuárias e os usuários que ocupam a região a “Cracolândia”, no centro da cidade, realizada nas primeiras horas da manhã do domingo (21 de maio). Uma atitude autoritária que, por decreto do executivo, realiza intervenções urbanas que lembram as invasões dos guetos europeus durante a Segunda Guerra Mundial ou da Palestina, em 1949.

A Prefeitura, junto com o governo estadual, cometeu um grave crime: tomou uma atitude de exceção por meio do instrumento público jurídico para fazer intervenções urbanísticas, excluindo do debate a sociedade, sem aviso legal aos proprietários, sem nenhum plano para realocar a população vulnerável e com uso inconstitucional da Guarda Civil Municipal (GCM).

Ações como essa, além de representarem retrocesso no cuidado pela saúde mental de nossa população e no acolhimento daquelas e daqueles que convivem com o uso de substâncias psicoativas, espelha um típico projeto higienista da Prefeitura e do governo estadual para massacrar a população pobre e beneficiar lucrativos projetos de grandes empresários.

Por detrás das escavadeiras e embaixo dos destroços está a verdadeira face dessa tragédia e selvageria: o voraz mercado imobiliário-especulativo. Sedento de novos filões territoriais para investir, a região da Luz se tornou uma importante área de reserva de terra em nosso saturado e denso município.

Sabemos o quanto prejudicial é essa “gestão” territorial para nossa cidade, que exclui o fator humano e a possibilidade de construir cidades socialmente mais justas. A história mostra que isso, infelizmente, não é novidade: foi assim com a reforma do Anhangabaú em 1910, foi assim com o Plano de Avenidas com Prestes Maia e também foi assim com a compra pelo município de vastas terras pertencentes ao Banco Itaú para justificar a construção do metrô paralelo à Central do Brasil.

Priorizar o mercado imobiliário-especulativo em detrimento de vidas humanas e de um projeto de cidade inclusiva, como mostra ações como a da Cracolândia e esses outros exemplos de políticas higienistas, transformaram São Paulo em uma das cidades mais excludentes do mundo.

O SASP não aceitará ações autoritárias e unilaterais como essas. Denunciamos e iremos às últimas consequências legais para defender uma cidade mais humana, justa, solidária e com qualidade de vida.

 

Diretoria do SASP
Gestão 2017-2019

Rolar para cima