Sarj completa 50 anos com o desafio de reinventar ação sindical

Em 2021, o Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio de Janeiro (Sarj), filiado à FNA, comemora o seu cinquentenário relembrando um histórico de lutas e conquistas em prol da classe trabalhadora. Em cinco décadas, foram inúmeras reivindicações pelo salário mínimo profissional, pela assistência técnica e pela reforma urbana, com destaque, também, para a sua importante contribuição para a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Agora, a missão é continuar defendendo os direitos dos trabalhadores no momento em que uma nova morfologia do trabalho se impõe à sociedade.

O desafio do sindicato é se reinventar sem perder sua essência, afirma o presidente do Sarj, o arquiteto e urbanista Rodrigo Bertamé. Para o dirigente, as mudanças chegam agravadas pela retirada de direitos trabalhistas e avanço da agenda neoliberal. “A fábrica já não basta mais. Você não para mais uma fábrica e um país. Nesse terreno da nova geografia da luta é que o sindicalismo vai precisar se reinventar”, pontua, referindo-se à época de criação do Sarj.

Pensando nos próximos 50 anos, Bertamé acredita que um dos principais pontos da discussão será fazer com que se compreenda o fato de que os arquitetos e urbanistas não são isolados da sociedade e das outras profissões envolvidas no campo da produção e da construção civil. “Precisamos entender que o problema não é de categoria, mas é de classe e, numa escala mais próxima, é de campo de trabalho. Nossas lutas, as lutas dos arquitetos, estão intimamente ligadas às lutas dos engenheiros, dos técnicos, dos pedreiros e todos os demais que constroem”, destaca.

Além disso, para o arquiteto e urbanista, é necessário congregar, cada vez mais, os profissionais na luta pelos direitos básicos da população, como acesso à água, saneamento básico e moradia digna. “Temos um segundo desafio, que é entendermos que a popularização do nosso saber técnico é parte desse processo. A maior parte da categoria será, daqui para frente, desempregada ou subempregada. O sindicalismo, para os próximos 50 anos, pode ser uma vanguarda se a gente reconstruir um sistema mínimo de seguridade social a partir dos sindicatos para a massa de trabalhadores precarizados e desempregados. Por que a gente não pode pensar um sindicalismo de hoje, para o futuro, que fomente, por exemplo, um sistema de renda mínima cidadã, ou que fomente outras formas de auxílio?”, questiona.

Para que essas mudanças aconteçam, explica Bertamé, é necessário que o sindicato se reinvente sem nunca esquecer da luta traçada ao longo de cinco décadas. “O SARJ 2020/2021 é isso, jovens como a Luana, a Yana, a Alyne, a Duda, o Gabriel, construindo junto com quem já esta ali como o Alex, o Celso, o Izidoro e etc, que se juntam e trocam com militantes históricos que participam de inúmeras dessas lutas desde a década de 70”, afirma.

União de gerações que faz a roda girar

Gerações separam os arquitetos e urbanistas Alexander dos Santos Reis e Luana Barreto. Mas o que eles têm em comum é o engajamento e vontade de mudar a realidade dos trabalhadores brasileiros. Militante da base jovem do Sarj, Luana afirma que o principal desafio para o futuro do sindicato será assimilar o novo perfil do arquiteto, se reinventar, ganhando legitimidade entre esses profissionais. “É preciso reorganizar um movimento de solidariedade entre trabalhadores, um movimento intersindical, para a reivindicação de melhores salários e condições de trabalho, abertura de concursos públicos principalmente para atender ATHIS, bem como colocar em pauta reivindicações maiores”, diz.

Ocupando o cargo de terceira suplência na diretoria do sindicato, Alexander já atua há 20 anos no movimento. Presente em diferentes fases do sindicalismo, ele é categórico ao dizer que é preciso fomentar uma renovação equilibrada e com velocidade constante não só no Sarj mas em outros sindicatos e entidades como a FNA. “Nosso maior desafio é ficar atento ao que está acontecendo de forma que a gente não seja estático. Temos que rever a forma como fazemos a nossa política e garantir uma participação mais democrática que nos permita um enfrentamento mais preciso com relação à nossa profissão”, pontua.

Foto: dabldy/iStock

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