Recriação do Ministério das Cidades é expectativa na abertura do Ensa

Arquitetos e urbanistas das cinco regiões do Brasil debateram o impacto da possível retomada do Ministério das Cidades pelo governo Lula em uma renovação da política habitacional e urbanística no Brasil. As projeções foram sinalizadas pelo arquiteto e urbanista e integrante do grupo de transição do governo Lula, Nabil Bonduki, durante a abertura do 46º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (46º ENSA), em Brasília (DF). O evento segue até domingo no Salão Alvorada do Brasília Palace Hotel em formato híbrido, presencial e pelo Zoom e YouTube da FNA.

Segundo Bonduki, o desenvolvimento urbano precisa voltar a ser uma diretriz do governo federal. “Temos que enfrentar os problemas das cidades de maneira integrada e não setorial. Os espaços funcionam com seus vários elementos, de saneamento, de mobilidade. Trabalhar esse conjunto é o direito à cidade. A ideia agora é retomar programas como Minha Casa Minha Vida, mas atuando de forma ampla, resolvendo mais de uma questão por vez”.

Anfitriã da agenda, a presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, frisou a importância do ENSA na discussão das condições de trabalho do arquiteto no atual contexto brasileiro, bem como as funções sociais de sua atuação. “O mundo do trabalho mudou, o perfil social e profissional dos arquitetos se diversificou e hoje temos novas possibilidades de participação da categoria na política urbana”, ressalta a dirigente.

Também participaram da mesa de abertura o deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP), a conselheira consultiva da FNA Valeska Peres Pinto e a presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU Brasil), Nadia Somekh. A presidente do CAU disse que o encontro é uma oportunidade para debater o projeto Microempreendedor Profissional (MEP). “Já que vamos passar os próximos dias discutindo o trabalho, temos que aproveitar a chance para mobilizar os profissionais pelo MEP. Hoje, 55% dos arquitetos e urbanistas ganha até três salários mínimos. Temos uma precarização muito intensa da classe, e o projeto é uma contribuição para combater essa realidade”.

Durante os quatro dias de Encontro Nacional, também estará disponível no Salão Alvorada do Brasília Palace a exposição “Arquitetura Habitacional da URSS: concurso entre camaradas 1926”. Concebida por uma rede latino-americana de pesquisadores, no Brasil, a exposição foi realizada pelo grupo MALOCA (Estudos Multidisciplinares em Urbanismos e Arquiteturas do Sul) e coordenada pela arquiteta e urbanista e professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Andréia Moassab. Em saudação na mesa de abertura, a pesquisadora ressaltou a atualidade dos projetos expostos: “mesmo com tantos anos separando o conteúdo dessa mostra da nossa atual realidade, queria convidar vocês para que leiam os projetos e vejam toda a influência que podemos tirar de iniciativas que reorganizam os espaços comuns do dia a dia. Nós precisamos pensar o mundo e moradia sem a noção do mercado e essa é a nossa proposta”.

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