Em breve o Rio Grande do Sul começará a formar mais profissionais de arquitetura e urbanismo. A novidade deve-se ao fato de que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) irá inaugurar um novo Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo no Campus de Rio Grande. A Aula Inaugural do Curso será realizada no dia 20 de fevereiro às 13h30min, no Anfiteatro Earle Barros do IFRS – Campus Rio Grande, e será ministrada pela arquiteta e urbanista Profa. Dra. Ana Lúcia Costa de Oliveira.
Ao todo, o curso terá duração de 10 semestres e contará com um corpo docente composto por 19 professores. Inicialmente, foram abertas 25 vagas. A primeira turma será formada por alunos que ingressaram pela prova da IFRS e pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Segundo o coordenador do curso, Christiano “Kico” Toralles, o currículo da graduação irá abranger diversas áreas tradicionais do conhecimento profissional, mas também será proposto um curso com maior aproximação com os conhecimentos de projetos complementares. “Em mais da metade dos ateliers de projetos não teremos dois professores de Arquitetura e Urbanismo, mas um arquiteto urbanista, e outro com formação em Engenharia Civil, Tecnologia em Construção ou Engenharia Agrícola.”
A presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), arquiteta e urbanista riograndina, Andréa dos Santos, participará do evento. Segundo ela, é sempre um momento especial ver novos espaços para formação de profissionais da área sendo abertos. “Será uma honra representar a FNA nesta aula inaugural. Quando novos cursos de Arquitetura e Urbanismo são abertos nas instituições de ensino públicas do país, para nós, significa novas oportunidades para o exercício da Arquitetura e Urbanismo, além de mais profissionais qualificados através do ensino presencial com atelier de projeto e propostas pedagógicas interdisciplinares.A presença dos cursos de arquitetura e urbanismo em nossas cidades tem um forte impacto no desenvolvimento, contribuindo, além da graduação, com estudos sobre o campo de atuação do arquiteto, nas cidades e nas comunidades mais vulneráveis, desenvolvendo para cidades mais justas, mais seguras e inclusivas, por um urbanismo mais consciente das necessidades de todos e todas”, reforça.
Kico explica que o bacharelado surge a partir do curso de Tecnologia em Construção de Edifícios, que está, atualmente, em processo de extinção. “A ideia é aproveitar o know how desse curso e de seu corpo docente para, assim, reforçar os cuidados com os projetos e práticas sobre infraestruturas, elétrica, iluminação, hidráulica, acústica, plantio, etc.”
O docente também fala sobre a Proposta Pedagógica Curricular (PPC) e seu caráter generalista, visando a possibilidade de atuação dos profissionais formados em todas as áreas do país. “Optamos por não ter uma ênfase engessada, e sim um perfil generalista, pois os profissionais formados poderão atuar em diversos lugares do estado, Brasil e, quiçá, mundo. Outra atividade prevista no PPC é a interdisciplinaridade, horizontal entre disciplinas dentro de um mesmo semestre ou vertical entre disciplinas de semestres diferentes. Já tínhamos algumas iniciativas no curso de Tecnologia em Construção de Edifícios e pretendemos que a interdisciplinaridade se torne um hábito constante no curso de Arquitetura e Urbanismo.”
Além disso, o curso levará a realidade do município para a sala de aula, proporcionando um ambiente de debate de propostas, formando profissionais com pensamento crítico. “os próprios profissionais que atuam em Rio Grande relatam que a cidade carece de maior pensamento crítico sobre a Arquitetura, o Urbanismo, o Paisagismo. Rio Grande é uma cidade com, por exemplo, bastante patrimônio histórico e natural, com periferização e problemas de habitação, com problemas de mobilidade urbana e acessibilidade, com características climáticas exigentes.Trazer essa realidade para sala de aula, com discussões e propostas, tenderá a criar uma massa crítica e dar robustez para que tenhamos uma cidade melhor no futuro. Portanto, esperamos formar profissionais generalistas, críticos e colaborativos”, explica o profissional.
Para finalizar, o coordenador afirma que as emoções neste momento de inicialização do curso são mistas, mas positivas. “Estamos empolgados e motivados, mas ao mesmo tempo que reconheço aquele “friozinho na barriga” com a responsabilidade para que as coisas deem certo, para que consigamos formar bons profissionais e, mais que isso, boas pessoas para o mundo.”
No dia seguinte à Aula Inaugural, será realizada uma mesa redonda sobre os desafios atuais da profissão de Arquitetura e Urbanismo e da cidade do Rio Grande e região, com os arquitetos e urbanistas Jane Borghetti, Liane Friedrich, Rafael Grantham, Daniel Cardoso e Nadiane Castro.
Foto: Tais Carolina