Entre os dias 5 a 7 de julho, São Paulo recebeu uma das etapas estaduais do ExpoFavela 2024. A diretora do Sindicato dos Arquitetos do Distrito Federal, arquiteta e urbanista Cínthia Nolaço, esteve no evento por meio da Aliança Empreendedora e da CUFA. “Participei de uma seleção chamada “No Corre Digital”, na qual foram escolhidos 30 empreendedores de diversas áreas em nível nacional para uma imersão em São Paulo, incluindo a participação na Expo Favela São Paulo, etapa estadual. É um evento diverso com muito potencial e foi uma experiência enriquecedora”, explicou.
O ExpoFavela é uma feira de negócios que roda todo o Brasil com etapas regionais, na qual os expositores são empreendedores da favela, que tem o objetivo de dar visibilidade a estas iniciativas, promovendo um espaço de encontro com investidores que possam acelerar o crescimento dos empreendimentos expostos na feira. Cínthia contou que na imersão do primeiro dia, entre os 30 empreendedores, ela era a única que trabalhava com arquitetura popular. “É um evento que conta com empreendedores muito diversos. O percentual de negócios voltados para arquitetura convencional de alto padrão não existe, enquanto os empreendimentos voltados para arquitetura popular e de impacto estão presentes, porém em um percentual muito baixo em relação aos outros empreendedores. É muito importante estarmos presentes nesses eventos, pois estamos falando de empreendedores ganhando visibilidade da favela para o asfalto.”
Levando a importância da arquitetura social para o evento, Cínthia teve a oportunidade de dar visibilidade para a temática, usando como exemplo seu empreendimento, mas abrindo portas para diversos outros que possam participar nas próximas edições, além de trocar ideias e experiências com os demais profissionais. “Tive a oportunidade, durante uma das atividades, de apresentar aos colegas o conceito de arquitetura popular. Todos acharam a ideia inovadora e necessária. No evento da Expo Favela, tive o prazer de visitar o estande do Comuta Reformas, que opera com um escritório popular de reformas nas regiões paulistas. Foi uma troca muito positiva, pois eu já os conhecia das redes sociais.”
Além disso, a arquiteta e urbanista reforça que o debate sobre moradia digna é necessário e urgente. “Sabemos que arquitetura é um tema extremamente importante e pouco abordado nessa temática do empreendedorismo. Arquitetura não se resume apenas a eventos como Casa Cor ou Expo Revestir; moradia digna é um direito de todos.” Ela também explica que nas favelas existe uma grande porcentagem de moradias precárias, sem saneamento básico e o necessário para viver de forma segura, e essa conscientização precisa ser reforçada em todas as oportunidades. “Acredito que esse diálogo precisa começar entre nós para expandirmos ele, principalmente conscientizando a nova geração em formação ou recém-formada sobre as possibilidades de empreender e ter acesso a esses ambientes, democratizando o acesso à arquitetura.”
Durante o primeiro dia de evento, Cínthia explicou que nenhuma apresentação foi específica sobre a temática, abordando o assunto de forma mais ampla. Isso mostra a importância da categoria se unir para levar a bandeira de moradia digna e para todos e todas para diversos espaços de debate, ampliando o tema, para que, assim, mais profissionais possam compreender a importância do seu papel na sociedade enquanto ferramentas para transformação de realidades.