Casas mais sustentáveis para uma arquitetura que ajude o meio ambiente

A quantidade de avanços para arquitetura e urbanismo têm aumentado de forma significativa. Desta maneira, as casas mais sustentáveis promovem um desenvolvimento mais eficiente e saudável dos ambientes construídos. Elas não apenas oferecem benefícios diretos aos seus moradores, mas também contribuem para um futuro mais sustentável e resiliente para todos.

Construções erguidas com impacto ambiental reduzido e/ou que produzem sua própria energia, as casas mais sustentáveis também aproveitam a maior parte dos recursos necessários para seu funcionamento. Elas podem utilizar de novas tecnologias que otimizem a edificação como, por exemplo, o uso de energia solar, materiais sustentáveis inovadores, sistemas de automação, entre outros.

Ao ter de cumprir vários requisitos técnicos para serem consideradas como tal, as casas mais sustentáveis até mesmo exigem certificações de projetos que comprovem essa sustentabilidade. Sendo um total de 12 certificações, estas exigências relacionam-se principalmente com a localização, construção, eficiência e gestão de resíduos.

Uma casa mais sustentável, quando bem localizada, propicia o máximo aproveitamento de recursos naturais, como água, luz e vento e outras fontes de energia renováveis. Por exemplo, a aplicação de placas fotovoltaicas (solares) e espaços para cultivo de frutas e legumes. Seu desenvolvimento e construção também pressupõe o uso de materiais não prejudiciais para o ambiente, optando por materiais recicláveis, renováveis, naturais e de origem local.

Ao optar por métodos e práticas que permitam melhorar o desempenho ecológico em todas as fases da construção, os e as profissionais de arquitetura e urbanismo ajudam a reduzir o impacto ambiental nas suas atividades. Tal prática não apenas contribui para a preservação do meio ambiente, mas também pode resultar em economia de custos a longo prazo e em um ambiente mais saudável para os ocupantes dos edifícios. Além disso, a incorporação de princípios de sustentabilidade reforça debates sobre responsabilidade ambiental.

O futuro das construções aponta para a integração entre tecnologia e sustentabilidade, e as casas mais sustentáveis são um exemplo desse caminho. À medida que mais pessoas e comunidades adotam práticas sustentáveis, a demanda por soluções inovadoras irá continuar a crescer, incentivando ainda mais o avanço tecnológico e o desenvolvimento urbano responsável, o que estabelece bases sólidas para um planeta mais saudável e equilibrado para as gerações futuras.

Andréa dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) afirma que “construções como essa possibilitam que a sociedade discuta sobre como podemos melhorar nossa arquitetura para não agredirmos o meio ambiente e ainda sim, utilizá-lo de maneira responsável, promovendo um equilíbrio entre a obra arquitetônica, o desenvolvimento urbano e preservação ambiental”.

“Discutir meio ambiente sempre fará parte de nossa pauta enquanto federação. Lutamos e iremos continuar lutando para que este assunto permaneça relevante aos sindicatos da categoria, pois a defesa dos direitos dos arquitetos e urbanistas passa pela defesa da boa e adequada arquitetura.”, acrescenta Andréa.

Já para Vika Martins, arquiteta urbanista e mestre em Desenvolvimento Rural, as casas mais sustentáveis ajudam a promover a redução do impacto ambiental. 

“Muitas dessas casas podem ser projetadas para serem autossuficientes em termos de captação, armazenamento, tratamento e distribuição de água, contando com sistemas de coleta de águas pluviais e saneamento ecológico descentralizado, promovendo um ciclo mais sustentável no que diz respeito ao saneamento ambiental.”

Discutir responsabilidade ambiental entre arquitetos e urbanistas é essencial para promover mudanças significativas na forma como são projetadas cidades, edificações e infraestrutura urbana. A mestre em Desenvolvimento Rural afirma que “a conscientização e a educação são os primeiros passos para promover essa responsabilidade” nos atuais e futuros profissionais.

“É crucial que, desde a formação acadêmica, eles sejam expostos a conceitos de sustentabilidade, resiliência urbana e design ambiental. Isso pode ser alcançado através de currículos que incluam disciplinas focadas em técnicas de construção sustentável, gestão de recursos naturais, planejamento urbano ecológico e projetos regenerativos”, adiciona.

Segundo Andrea Naguissa Yaba, arquiteta urbanista, doutora em Ciências da Engenharia Ambiental e  docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), integrar medidas de construção que possibilitem a pegada carbono zero em casas mais sustentáveis pode reduzir seu consumo: 

“Para neutralizar as emissões de carbono das edificações é preciso utilizar materiais que absorvam e acumulem carbono em sua composição. Por isso, o foco na madeira, bambu e fibras tem crescido no mundo todo. Utilizar materiais locais também contribui para reduzir a pegada de carbono, pois não precisam ser transportados por longas distâncias. Mas o mais importante e que ainda é pouco enfatizado é reduzir o consumo.”

A responsabilidade ambiental deve ser incorporada como um valor fundamental na prática profissional. Isso significa que os arquitetos e urbanistas precisam adotar uma abordagem holística em seus projetos, considerando os impactos ambientais desde a concepção até a execução. Isto é, implementar técnicas autossustentáveis em moradias comuns é um passo crucial para promover um futuro mais sustentável e resiliente, acessível a todas as camadas sociais.

“Não são só os profissionais que precisam ser educados, mas a sociedade como um todo. E não é por falta de informação, pois há de todo tipo: documentários, cartilhas, pós-graduações, normas, certificações entre outros. E os desastres globais atuais nos mostram que isso não surtiu efeito até agora. Medidas mais contundentes, em nível de políticas públicas, precisam ser tomadas, para que grandes mudanças possam ser vistas. É pelo exemplo que pode ocorrer a mudança de hábito das pessoas”, afirma a doutora Naguissa quanto a educar profissionais sobre a emissão reduzida de carbono em meio ao avanço das mudanças climáticas.

Soluções como eficiência energética, gestão de recursos hídricos e uso de sistemas de saneamento ecológico que façam o tratamento e esgoto de forma adequada podem melhorar a qualidade de vida dos moradores de loteamentos ou conjuntos habitacionais de moradia popular, devendo os profissionais de arquitetura e urbanismo considerar a sustentabilidade das moradias individuais, mas também do projeto urbano como um todo. O planejamento urbano sustentável deve incluir a criação de espaços verdes, sistemas de transporte público eficientes, infraestrutura para a coleta e tratamento de águas pluviais e esgoto, além de promover a integração social e econômica da comunidade.

Entretanto, para implantar soluções auto sustentáveis em moradias comuns, a promoção da educação e conscientização dos moradores sobre práticas sustentáveis são essenciais para o sucesso dessas iniciativas, todavia, só se fazem possíveis em conjunto com o poder público. Estabelecer uma cultura de sustentabilidade, através de oficinas comunitárias, materiais educativos e exemplos práticos, encoraja os moradores a adotar e manter essas práticas no dia a dia, como conclui Vika: 

“Com o apoio de políticas públicas, incentivos financeiros e uma mudança de mentalidade, é possível transformar nossas residências em modelos de sustentabilidade, contribuindo para um futuro mais verde e resiliente, onde as pessoas vivam em harmonia com a natureza e desfrutem de uma vida mais saudável e feliz.”

Foto: Paulina Engler
Projeto: Casa Flor de Lis, arquiteta Vika Martins

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