Entidades de Arquitetura e Urbanismo celebram aprovação das novas Diretrizes Curriculares

Foi publicado parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que aprova as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação de Arquitetura e Urbanismo. Entidades do ramo pediram pela revisão da Resolução CNE/CES n° 2, que prevê a inclusão do conteúdo de Desenho Universal à formação. O texto aguarda, desde o dia 23 de março, pela homologação do Ministério da Educação.

A proposta também discute a garantia do ensino presencial em todo o território brasileiro e a formação de profissionais qualificados e aptos a responder aos desafios da realidade contemporânea. Junto a isso, há a exigência  de uma formação generalista a extensa diversidade dos campos de atuação profissional e a multiplicidade de abordagens que cada campo permite.

A redação do documento foi realizada pelo Colegiado Permanente das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo do Conselho Nacional de Arquitetura e Urbanismo (CEAU-CAU/BR) com a coordenação da Associação Brasileira do Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA). O corpo do texto explica que a proposta protocolada explicita e desenvolve conceitos já presentes nas Diretrizes em vigor, avança em diversos pontos essenciais e busca responder às exigências de um ensino de qualidade para o Brasil contemporâneo.

Para o presidente da ABEA, Carlos Eduardo Nunes Ferreira, perante os desafios socioambientais, étnico-raciais e de gênero que afetam o Brasil, “a ABEA espera a atualização dos cursos de Arquitetura e Urbanismo de todo o país”.

“As novas Diretrizes Curriculares Nacionais enfatizam a materialidade da Arquitetura e Urbanismo pela valorização da presencialidade, das experiências práticas, do estágio supervisionado, dos canteiros experimentais e da relação estreita entre professor e alunos nos ateliês e nos laboratórios”, aponta Ferreira. 

Ele complementa que “isto deverá se refletir também na valorização dos docentes dentro do processo de ensino-aprendizagem”.

Já Andréa dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), afirma que os estudantes precisam estar presenciais para aprender na prática. “As novas DCNs buscam cada vez mais garantir a qualidade do ensino de arquitetura em consonância com as necessidades da sociedade brasileira. Destaque para a garantia dos projetos de extensão, os quais colocam o estudante de arquitetura e urbanismo em contato direto com a realidade profissional e em diversos campos de atuação”.

Quanto às maneiras de a digitalização do ensino afetar a formação de novos arquitetos e urbanistas, Ferreira destaca que “as novas tecnologias de informação, comunicação, concepção e representação são muito bem-vindas no ensino de Arquitetura e Urbanismo, porém elas não podem exercer um protagonismo na formação do estudante, em detrimento da sua responsabilidade técnica e social”. 

Pensar como a tecnologia, quando aliada ao ensino prático, pode gerar novas possibilidades para as futuras gerações, conforme seu presidente, é algo que a ABEA tem reforçado ao longo dos anos. “A habilidade para a construção de edificações, paisagens e cidades exige um contato presencial do aluno com o espaço e o território, o material de construção e as técnicas construtivas (tradicionais ou industriais), durante o percurso de formação do futuro profissional em Arquitetura e Urbanismo”, explica.

Segundo Gabriel Rodrigues da Cunha, vice-presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (Sindarq-PR) e professor, a aprovação do projeto das DCNs para os cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil no Conselho Nacional de Educação é positiva. 

“Ao meu ver, há três questões que avançaram: a consideração de que os saberes profissionais de arquitetura e urbanismo têm impacto direto na saúde pública, sendo um divisor na busca de um habitat saudável, a afirmação de que os cursos devem ocorrer na modalidade presencial, exigindo que estudantes passem por ambientes físicos de aprendizagem como ateliês e laboratórios e a incorporação de práticas de assistência estudantil como processos de acolhimento, para alunos que compõe minorias etnico-raciais, sociais, entre outras.”

O primeiro e segundo itens são uma decorrência do contexto da pandemia, que trouxe a importância da produção de espaços domésticos de qualidade, mas também institucionais, locais públicos, redes de transporte, entre outros. Ao mesmo tempo, o ensino remoto, erroneamente chamado de ensino à distância, mostrou a precarização das experiências já existentes de cursos à distância, agravados no período.

Cunha complementa que “os sindicatos de arquitetura do país, junto aos Conselhos de Arquitetura,  vinham denunciando esta precária formação”.

Quanto ao diálogo das práticas de assistência estudantil como processos de acolhimento, o vice-presidente conclui:

“Por sua vez, o terceiro ponto, reflete a mudança gradual do perfil de estudantes que ingressam nos cursos de arquitetura e urbanismo, não mais cursos elitizados, que agora atingem as demais parcelas da classe trabalhadora.”

Foto: Freepik

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