Casa Eco Pantaneira é solução em arquitetura sustentável

A Casa Eco Pantaneira é um projeto arquitetônico dedicado aos moradores de comunidades ribeirinhas do Pantanal sul-matogrossense, localizadas na Área de Preservação Permanente (APA) Baía Negra, na cidade de Ladário. A construção de moradias sustentáveis, realizada pelo Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Mato Grosso do Sul (Sindarq-MS), objetiva impulsionar a Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) na região.

A parceria é uma ação do Sindarq-MS com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR), Ecoa (Organização Não-Governamental) e Secretaria de Patrimônio da União (SPU), visando ensinar a comunidade local os princípios da autoconstrução considerando as mudanças climáticas. 

Por meio da identificação das precárias condições de moradia na APA, 11 arquitetos e urbanistas conheceram as famílias e atuaram em propostas de adequação para aproximadamente 30 famílias, incentivando o uso de materiais locais e de baixo carbono, respeitando as recomendações ambientais do Conselho Gestor da Baía Negra, composto por representantes governamentais e da sociedade civil.

A Área de Proteção Ambiental (APA) de Baía Negra é uma unidade de conservação de uso sustentável de quase 6 mil hectares que fica à beira do Rio Paraguai. Gerida pela Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Ladário, é a primeira Unidade de Conservação de Uso Sustentável no Pantanal, oficializada pelo Decreto 1.735, de 07 de outubro de 2010.

A Lei de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) – Lei n° 11.888/08, assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como parte integrante do direito social à moradia.

Segundo a presidente do Sindarq-MS, Iva Carpes, o que motivou a criação do projeto foi “levar o trabalho do sindicato e dos arquitetos a lugares que não chegaria caso não houvesse esse tipo de iniciativa, a comunidades de difícil acesso”.

O projeto foi contemplado no Edital de Patrocínio do Conselho Nacional de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR) no ano de 2022, com ênfase a lugares atingidos por impacto ambiental. Neste caso específico, o incêndio de 1,7 milhão de hectares foi o fator de enquadramento para fomento à habitação de interesse social ocorrido na área de proteção ambiental no município de Ladário.

Para Iva, projetos como a Casa Eco Pantaneira seguem sendo invisibilizados pois “a maior dificuldade da implantação de técnicas sustentáveis, além de encontrar materiais que não agridam o meio ambiente, é a mão de obra especializada, pois não é todo profissional que sabe lidar com assentamento, com o tijolo não tradicional que faz parte desse nicho da arquitetura”.

Por ser um projeto de arquitetura sustentável, há o benefício a vários eixos da população, indo além dos próprios moradores beneficiados, se estendendo para as cidades, o campo e as comunidades ribeirinhas ao incentivar o desenvolvimento socioeconômico, possibilitando que as famílias possam auferir renda e se insiram na metrópole.

Iva Carpes, presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Mato Grosso do Sul (Sindarq-MS)

“A ideia principal era a realização de um mutirão com habitantes, contudo como na comunidade haviam muitas pessoas de idade avançada, houve um curso de capacitação para os envolvidos”, destaca a presidente. 

Conforme Andréa dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), “a realização de projetos de arquitetura sustentável é indispensável para que haja a preservação do meio ambiente, sendo uma medida que traz mais autonomia às comunidades”.

Realizações como essa também possibilitam o crescimento de áreas verdes, a redução da emissão de gases poluentes provenientes das edificações comuns, bem como se comprometem na construção de cidades mais conscientes para as gerações futuras, como reforça Iva:

“A Casa Eco Pantaneira dá visibilidade para que o arquiteto também se envolva com a comunidade, com habitação de interesse social, reforçando seu caráter social.”

Confira fotos da realização do projeto:

Foto de capa: Iva Carpes/ Sindarq-MS

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