Arquitetura Popular se expande para as cidades

A arquitetura popular é um conceito que traz propostas que impulsionam a atuação de populações vulneráveis em projetos criativos para o desenvolvimento urbano. Presente em todos os lugares, faz o desenho de algo acessível e que considera as situações socioeconômicas do cotidiano. Desta maneira, projetos como a Tekôa Arquitetura Popular, localizado na cidade gaúcha de Rio Grande e o Fazendinhando na cidade de São Paulo são alternativas construtivas com a intenção de viabilizar o acesso à arquitetura por todos, mas também com o objetivo social de mudar a vida das pessoas e suas comunidades.

Criada em 2022 pela arquiteta Nadiane Fontes Castro, a Tekoa é um negócio de impacto social na habitação, objetivando retirar o caráter elitizado da profissão e democratizá-la, permitindo o atendimento de um profissional de qualidade que auxiliará famílias a terem uma moradia digna.

“Eu iniciei a minha aproximação com a arquitetura popular entendendo que as outras atuações da área não contemplavam a mim, minha família, meus amigos, quem eu conhecia ou o bairro onde moro. Parecia que eu não atuava nesses espaços. Então foi com isso que eu comecei a entender que existe uma forma de fazer e desenvolver projetos para pessoas como eu”, afirma Nadiane.

As construções coordenadas pelos próprios moradores ou com auxílio de profissionais especializados, têm sido opção para diminuir gastos em obras pois, de acordo com a arquiteta, “padronizar como opção de redução de custo não resolve a necessidade individual de cada família”. Portanto, o auxílio de um profissional de arquitetura é essencial para aplicar as técnicas organizacionais que são mobilizadas nesses processos. 

Ao trabalhar a escuta ativa, respeitar e entender as individualidades da cultura, experiência e vivência de cada família, entendendo que vai além do popular, estes profissionais se tornam mais abertos a outras formas de vida, outros meios de subsistência, podendo beneficiar as populações mais vulneráveis e chegar a outras localidades pela cidade, algo que Nadiane vê como indispensável.

“A intenção é, sim, expandir dentro ainda da arquitetura popular e conseguir alcançar mais famílias e mais bairros, principalmente entendendo Rio Grande enquanto cidade ainda pequena e por ainda não haver outro escritório aqui, então isso é, para mim, uma ideia de possível ampliação”.

Já outro projeto voltado para a arquitetura popular, o Fazendinhando, localizado na favela Jardim Colombo, na cidade de São Paulo, tem objetivos e ações muito claras no processo de alteração positiva da realidade local. O instituto sociocultural atua em territórios negligenciados pelo poder público ou vulneráveis, cujo foco é recuperar espaços públicos degradados e habitacionais, ações de arte e cultura, qualificação profissional e empreendedorismo social, criado por e para moradores.

Segundo a presidente da Federação de Arquitetos e Urbanistas (FNA), Andréa dos Santos, esses dois exemplos são significativos e inspiradores para a democratização da arquitetura no Brasil, mostrando para as pessoas que todos têm direito a um local adequado e a um profissional especializado, mudando as realidades individuais com base nas ações coletivas.

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