Desde menino, Marcelo Schlee Gomes demonstrou gosto pela arte. Cedo aprendeu a desenhar de forma autodidata, fazendo cartazes promocionais, cartuns e painéis artísticos. Era o início de um caminho que conversaria muito bem com a sua trajetória no futuro: o da arquitetura.
Graduado, em 1992, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), seu olhar como arquiteto foi, ao longo dos anos, sendo moldado pelas suas experiências profissionais na construção de moradias sociais e projetos urbanísticos de loteamento, função que desenvolveu por cerca de 18 anos, em Florianópolis/SC.
Mesmo participando de atividades que preenchiam seu amor pela arquitetura de interesse social, algo lhe fazia falta. “A partir de 2016, com o desmantelamento dos programas sociais de habitação e a crise institucional que se seguiu no país, senti a necessidade de me dedicar mais intensamente à arte como uma maneira de me manifestar e alcançar um público maior e mais diversificado, compartilhando minhas ideias, preocupações e devaneios”, explica Gomes.
Ele conta que cursar arquitetura foi mais um passo rumo ao fazer artístico. Suas pinturas sempre foram influenciadas por histórias em quadrinhos, literatura e cinema, o que imprimiu ao seu trabalho um tom caricatural. “As disciplinas de plástica, gráfica e de projetos me ajudaram muito nas noções de composição e a aprimorar as minhas formas de expressão. Além do mais, estudar história da arquitetura é estudar um grande capítulo da história da arte”, complementa.
Marcelo Gomes vive há um ano em Portugal, onde participa de feiras e exposições locais. Mesmo longe, seu olhar para a moradia social segue voltado ao Brasil, realizando, de forma remota, projetos em parceria com escritórios de Florianópolis/SC e acompanhando as mudanças de rumo que vêm sendo implementadas em projetos como o Minha Casa, Minha Vida e suas significativas mudanças no campo da habitação popular.
Uma de suas principais crenças é que a habitação de interesse social é uma demanda da arquitetura e do urbanismo que deve articular todos os setores da sociedade. Para ele, arte e arquitetura andam juntas. Todas as suas vertentes e movimentos têm a função social de representar e dar voz à população. “Acredito que os espaços públicos devem promover a arte para todos. Precisamos começar pelo ensino, na formação dos profissionais de ambas as áreas, na conscientização para o direito à habitação digna para todas as camadas da população. Assim como as nossas instituições representativas da classe podem reivindicar e participar de programas e políticas públicas no sentido de democratizar o acesso à habitação e aos bens e serviços públicos.”
Foto: Arquivo pessoal/Marcelo Schlee Gomes