A arquitetura de sinalização é uma área de utilidade dentro da arquitetura e urbanismo, no cotidiano das pessoas, que trata da concepção e materialização de sistemas de sinalização em ambientes construídos pelo ser humano. É toda a ação tomada no sentido de fornecer informações às pessoas quanto a determinados espaços, de forma que neles consigam existir e coexistir.
Trata-se de uma viabilizadora da cidadania, permitindo a apropriação do espaço urbano pela coletividade. Se manifesta na mobilidade, no acesso a serviços e destinos de interesse, na promoção de segurança e ainda na formação da identidade da própria cidade, que se reflete em seus habitantes.
Ao garantir a segurança, a ordenação do fluxo de veículos e pedestres e a indicação da regulamentação local, auxilia na superação de obstáculos e na interação com dispositivos urbanos, bem como nos ambientes para que funcionem de maneira efetiva, melhorando a comunicação visual e tátil. Parte da composição arquitetônica e urbanística, vai muito além do conforto e da beleza, desempenhando papel fundamental na segurança, sendo determinante na prevenção de acidentes.
Design de sinalização é a área de estudo que une arquitetura e urbanismo ao design para envolver o uso, planejamento e desenvolvimento de signos e símbolos para informar, comunicar e identificar ambientes construídos ou naturais. Entende-se que a grande maioria dos locais públicos possui um elemento de orientação (como placas legíveis) que deve ser aparente. Isto é, uma boa sinalização pode ajudar na locomoção de pessoas idosas, crianças ou pessoas com deficiência, podendo também evitar deslocamentos desnecessários e/ou exaustivos.
Ganhando reconhecimento à medida que mais pesquisas mostram a influência significativa do ambiente construído no bem-estar mental e físico das pessoas, a colaboração entre arquitetos e urbanistas com designers têm resultado em espaços mais saudáveis e funcionais para todos. O arquiteto urbanista deve reconhecer a sua responsabilidade sobre tais efeitos no momento de projetar ambientes que proporcionem acessibilidade e inclusão social, enquanto categoria conectada com a percepção e vivência humana.
Entre seus princípios estão a boa iluminação, o uso das cores, aplicações em espaços abertos, a ergonomia e a legibilidade. Por meio da criação de projetos mais assertivos, obtém-se caminhos com sinalização adequada e com dinamismo em prol do deslocamento, do bem-estar e da qualidade das experiências vividas neste ou naquele espaço para a maioria dos ocupantes.
Com ambientes que se adequam às necessidades de quem convive neles, a arquitetura de sinalização é mais um elemento que viabiliza a interação social, como em escolas e escritórios, e mesmo no estabelecimento de estratégias que ajudam as pessoas a se orientarem e se moverem com facilidade em hospitais e lares. Do ponto de vista prático, o conceito pode e deve ser utilizado para tornar a ação humana mais efetiva e, acima de tudo, para criar espaços que tenham acessibilidade a longo prazo, cabendo aos arquitetos urbanistas escolherem o que, quando e onde aplicar.
A acessibilidade na arquitetura de sinalização é um aspecto fundamental para garantir que todos possam compreender e utilizar espaços públicos de maneira eficiente e segura. A Norma 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 9050) estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade.
O modelo mais conhecido é a utilização de sistema de acessibilidade espacial. Também chamado de design de sinalização, auxilia na orientação e mobilidade dos espaços urbanos, possibilitando que pessoas possam transitar pelos lugares, mantendo espaços inclusivos e feitos para todos.
Em construções capazes de fornecer caminhos espaciais adequadamente sinalizados e sensorialmente dinamizados em prol do deslocamento, a experiência do usuário/pedestre é significativamente aprimorada, resultando em maior segurança e conforto para todos os indivíduos que transitam pelos espaços e localidades que as cidades proporcionam.
De acordo com Andréa dos Santos, arquiteta e urbanista e presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), “garantir a mobilidade para as pessoas trata-se de utilizar a arquitetura e urbanismo para promover inclusão social, acessibilidade e qualidade de vida para permitir que todos tenham igual acesso a oportunidades e serviços essenciais”.
Para o profissional de design Bruno Villardo, criar uma sinalização compreensível a todas as pessoas que passam por um mesmo espaço “se dá, primeiro pela investigação profunda junto aos frequentadores e, posteriormente, pela adoção dos códigos transversais reconhecidos por esses grupos, além do emprego das exceções necessárias ao atendimento de todas as necessidades particulares”.
O designer acrescenta que “a população só poderá contribuir com a melhoria das sinalizações em contextos em que os responsáveis pela criação e manutenção desses sistemas se coloquem em uma posição de receptividade dessas contribuições. Uma vez que existam os canais, plenamente acessíveis e intuitivos, bastará a divulgação deles para a coletividade”.
Nesse sentido, a utilização de QR codes e o treinamento de agentes humanos presentes em caráter permanente nos locais de recepção, segurança, manutenção, entre outros, são boas opções para a captação das contribuições da população de maneira sustentável.
“O fundamento da arquitetura de sinalização deve ser a escuta empática dos usuários que frequentam e frequentarão os espaços. Logo, todo o resto deverá ser construído a partir disso”, conclui Villardo.
Foto: Vinicius de Melo/Agência Brasília