A perspectiva de vida no Brasil tem apresentado variações nas últimas décadas, refletindo os avanços na saúde pública, no acesso a serviços médicos e nas condições de vida da população. Apesar dos progressos no acesso a informações sobre saúde, ainda existem disparidades regionais e sociais significativas entre os estados brasileiros que evidenciam desigualdades. Desta maneira, pensar políticas públicas que garantam um aumento equitativo na qualidade de vida e na expectativa de vida de toda a população brasileira passam a ser a solução definitiva para mudar a perspectiva de vida.
Dados do primeiro Mapa da Desigualdade entre as capitais brasileiras, lançado neste ano de 2024, pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), a expectativa de vida em capitais brasileiras varia 15 anos, de 57 a 72 anos. A idade média ao morrer de moradores de Belo Horizonte ou Porto Alegre, por exemplo, gira em torno de 72 anos. No entanto, para quem mora em Boa Vista a idade média ao morrer é bem inferior, em torno de 57 anos.
O estudo compara 40 indicadores das 26 capitais brasileiras em temas como educação, saúde, renda, habitação e saneamento, reforçando a percepção da distância que separa as várias regiões e estados do país, demonstrando que o Brasil é um país desigual.
As fontes dos dados são órgãos públicos oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
Segundo o IBGE, uma pessoa nascida no Brasil no ano de 2022 tinha expectativa de viver, em média, até os 75,5 anos. Para os homens, esta expectativa era de 72 anos e para as mulheres, de 79 anos.
Os índices apresentados pelo documento estão diretamente ligados aos investimentos em políticas públicas, nos quais as questões de saneamento, de habitação precária, de qualidade de saúde e educação, entre outras, são números muito ruins em cidades que têm uma idade média de morte muito baixa. Ou seja, para reverter tais números, seria necessário focar nos aspectos centrais para a qualidade de vida das pessoas.
Desta maneira, a arquitetura de qualidade se posiciona com uma das muitas modalidades de projetar com a finalidade de ter um impacto positivo na vida das pessoas, causando melhorias na saúde mental e física, também criando comunidades mais fortes, podendo auxiliar no aumento da expectativa de vida.
Neste caso, assegurar acesso a esgotamento sanitário para evitar doenças que causem óbitos e da garantia do direito à moradia fora de áreas de risco dentro das políticas públicas é tão essencial quanto manter apoio psicológico a famílias em situação de vulnerabilidade social, as que mais são acometidas pelas baixas expectativas de vida.
“Enquanto profissionais de arquitetura e urbanismo, nossa principal função é fornecer abrigo e evidenciar que as cidades possam enxergar onde estão suas maiores fragilidades e de alguma forma, encurtar as desigualdades existentes”, afirma a presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Andréa dos Santos.
Para promover a equidade social e proporcionar acesso igualitário a serviços essenciais, como saúde, educação e transporte, além de espaços públicos acolhedores e funcionais, de forma a contribuir para o bem-estar geral da população e para a longevidade saudável de seus cidadãos, é necessário que a sociedade civil, os setores públicos e privados e categorias profissionais se juntem para fazer da arquitetura de qualidade uma realidade para todas e todos, conclui Andréa:
“A redução das desigualdades e o aumento da expectativa de vida podem apresentar resultados significativos com a implementação de um conjunto de práticas que visam a criação de construções seguras e acessíveis a todos, utilizando do planejamento inclusivo para que comunidades inteiras possam ter direito a melhores condições de vida.”
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil