Arquitetos E Urbanistas Têm Papel Crucial Na Preservação Ambiental E No Combate às Mudanças Climáticas

A relação do ser humano com a natureza tem denunciado a exploração de recursos naturais. Sua administração, feita de maneira irresponsável, causa uma série de agravos que levarão anos a serem revertidos. Dadas tragédias como as enchentes nas metrópoles e as ondas de calor causadas pela poluição industrial, ações voltadas para minimizar os danos ao meio ambiente refletem a urgência da arquitetura e urbanismo na procura de recursos limpos para construir uma cidade mais verde. 

De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no ano de 2023, as áreas protegidas da Floresta Amazônica (como Unidades de Conservação Ambiental e Territórios Indígenas) teve índice de desmatamento reduzido a 73%, sendo o menor índice desde 2014. Logo, a extração de material orgânico para fabricação de materiais de construção também está em processo de redução.

Sua origem se dá por dois processos: natural e industrial. Vindos do processo natural constituem a areia, pedra e água. Já os materiais de construção obtidos por processo industrial, físico e/ou químicos, são o cimento, pisos, portas, tubos, conexões hidráulicas e tábuas de madeira. Entretanto, sua procedência feita de maneira ilegal e sem licença ambiental, bem como seus resíduos, está ligada diretamente com a progressão de desastres naturais motivados por ação humana.

A maneira menos agressiva de lidar com madeira é aplicá-la em técnicas alternativas de construção civil. O material, com manejo florestal responsável e certificado, é capaz de conservar as florestas e reduzir a emissão de carbono.

A Federação  Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) é filiada à Internacional dos Trabalhadores da Construção e Madeira (ICM) que, entre várias ações em defesa dos trabalhadores da construção, também busca soluções menos agressivas ao ambiente. Nilton Freitas, representante regional para a América Latina e Caribe da ICM, afirma que “é importante pensar maneiras de como garantir uma produção de madeira plantada, que sejam bosques cultivados e não madeira nativa para sustentar a indústria.”

“A madeira tem a característica de tempo de consumo de água e território para seu crescimento. Não é possível aguardar 20 anos, mas os carbonos que são sequestrados da atmosfera durante esse período podem ser negociados com indústrias que sejam intensivas na emissão de gás carbônico (CO²), dando sustentabilidade ao negócio”, completa Freitas.

Para trabalhar em prol de meios mais sustentáveis e que não agridam o meio ambiente, os profissionais de arquitetura e urbanismo têm debatido a consequência dos efeitos climáticos na população em geral. A produção de ações coletivas de responsabilidade social voltadas ao reflorestamento com a participação de todos os setores da sociedade apenas reforçam o trabalho de conscientização feito pelo urbanista.

“[A ICM] É uma instituição mantida por trabalhadores e trabalhadoras de toda a cadeia de construção, incluindo arquitetos que planejam e gerenciam as obras, do começo ao fim. O que fazemos é discutir a proteção social por meio de alianças com empresas, organizações não-governamentais (ONGs), cientistas, acadêmicos e outras câmaras ambiental-sociais para corroborar que os processos de certificação florestal sejam efetivos”, aponta o representante.

A integração da natureza no meio urbano coíbe construções que modifiquem a paisagem natural e alimentem a gentrificação e a exclusão social. O arquiteto fica responsável então, por motivar e organizar medidas de cuidado permanente com o meio ambiente que inclua toda a população.

A presidente da Federação, Andréa dos Santos, conta que a FNA tem alertado sobre os riscos de desastres ambientais provocados por intervenções em áreas naturais da cidade. Andréa afirma que “junto aos sindicatos filiados, é fomentada a necessidade de soluções efetivas junto à sociedade e ao poder público, cuja responsabilidade dos governos é estarem preparados com intervenções adequadas às áreas urbanas”.

“Temos, sim, ampliado o diálogo em prol das famílias que são mais atingidas pelos desastres decorrentes das mudanças climáticas”, conclui.

As soluções baseadas na natureza tratam-se de abordagens para restauração e conservação de ecossistemas, serviços de adaptação climática, infraestrutura natural e gerenciamento de recursos naturais, sendo uma das muitas maneiras de escutar as demandas de quem mais precisa.

Adotar hortas urbanas, realizar planos de reflorestamento em áreas florestais próximas às cidades são parte, portanto, de aspectos chave para manter um local de desenvolvimento sustentável com um projeto urbano eficiente, sendo possível tratar de situações urgentes, tais quais as mudanças climáticas. 

Foto: Freepik

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