Tragédia de Brumadinho: exploração humana e consequências irreparáveis

Em 25 de janeiro de 2019 uma barragem da Vale rompia-se em Brumadinho (MG), deixando 272 mortos, uma grande destruição ambiental e famílias devastadas pelas perdas que vão muito além de bens materiais. Ao todo, foram mais de 23 mil atingidos pelo rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão. 

Um Acordo de Reparação Integral foi assinado, em fevereiro de 2021, pela Vale, Governo de Minas Gerais, pelos Ministérios Públicos Federal e Estado de MG, e pela Defensoria Pública de Minas. Desde a tragédia, já foram investidos em torno de R$ 12 bilhões, buscando o desenvolvimento da região. Projetos de reparação socioeconômica e ambiental vêm sendo desenvolvidos pela empresa, mas para os atingidos, certas perdas são irreparáveis, afinal, quanto vale uma vida?

Cerca de cinco anos depois, em dezembro de 2023, outro acontecimento levantou um alerta de preocupação: o afundamento de bairros no entorno da mina da Braskem, no município de Maceió (AL). A extração de sal-gema, realizada pela empresa, destruiu cinco bairros, desocupou mais de 14 mil imóveis e expulsou mais de 55 mil pessoas de suas casas. A população que restou nos bairros já não possuía acesso a escolas, farmácias, mercados e nem postos de saúde.

Situações como estas mostram o extremo descaso com a população, com o meio ambiente e com as cidades. Ações humanas, realizadas de forma desenfreada e focadas exclusivamente no crescimento financeiro, vêm afetando de forma muito negativa diversos municípios brasileiros em todo o nosso território.

A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), ciente do papel social da categoria, vem levantando,  junto aos seus sindicatos filiados, diversos debates sobre o tema. Reparações financeiras e ambientais devem, sim, ser feitas. O poder público tem o dever, a obrigação, de garantir aos afetados por tantas tragédias o recebimento do que lhes é de direito. Porém, acreditamos que, mais do que indenizar os afetados, deve-se haver um trabalho de impedimento deste tipo de ação que, a curto, médio ou longo prazo, pode prejudicar a população de uma cidade inteira, destruir comunidades e desmanchar famílias. 

Foto: Douglas Magno/AFP

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