Trabalhadores precisam iniciar a transformação social

Em meio ao avanço do neoliberalismo e de governos fascistas em inúmeros países, os trabalhadores precisam de união na luta pela transformação social. Os arquitetos e urbanistas são agentes essenciais nesse processo e buscar um caminho para engajar a categoria foi a temática principal da mesa de abertura do Seminário Nacional FNA de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo, promovido pela FNA e SASP em São Paulo (SP). 

Acompanhada de um conjunto de lideranças e sindicalistas nacionais, a presidente da FNA, Andréa dos Santos, abriu o debate provocando os colegas a uma reflexão sobre unidade, fortalecimento sindical e objetivos comuns. “A temática do encontro deste ano fala em justiça social na cidade e no campo, porque não podemos esquecer que um projeto acontece na cidade, mas tem o mesmo valor no campo”, frisou. A vice-presidente do SASP, Liana Oliveira, lembrou que os debates deste primeiro dia de seminário mostram “o caldo” que se tem a discutir, incluindo a temática das mudanças climáticas e sociais que ainda têm muito a se aprofundar.

Segundo o professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Anderson Kazuo Nakano, vivemos um momento em que a crise social, ambiental, climática, sanitária e política estão se conjugando em uma múltipla crise mundial. “Como trabalhadores, precisamos enfrentar as crises na nossa perspectiva de luta: a da classe trabalhadora. A classe trabalhadora tem aqui a tarefa de enfrentar as forças destrutivas do capitalismo contemporâneo”. Posição compartilhada pela arquiteta e urbanista Ermínia Maricato. “Estamos em um momento de mudança profunda equivalente à crise de 1930. O mundo está em uma mudança profunda e temos a tecnologia maluca que está quebrando a classe trabalhadora”. Para ela, a democracia precisa vir de baixo e a arquitetura tem papel fundamental. “Precisamos fazer a revolução no mundo que está em transformação”.

Representando a CUT, Sérgio Ricardo Antiqueira parabenizou o movimento dos sindicatos que, mais do que defender a categoria, trabalham pelo bem social e pelo potencial de transformação de comunidades. “Muito bom ver os sindicatos debatendo o papel social dos arquitetos e urbanistas, pensando em meio ambiente e nas cidades”, frisou. O presidente da ANEAC, Luciano Macedo, ressaltou a importância da preocupação com o campo e informou que a Caixa está trabalhando pela ampliação do corpo técnico de engenharia e habitação, incluindo a necessidade de amplificar a ação rural. 

O vereador de São Paulo Hélio Rodrigues, sindicalista dos químicos, reverenciou o trabalho dos arquitetos pelas cidades. “A nossa cidade não tem esse olhar de que vocês estão tratando. A nossa cidade tem um plano desfigurado, que ficou a serviço da especulação imobiliária. Onde a população mais carente, exatamente aquela que precisava estar nas regiões centrais, irá continuar nos rincões. Estamos caminhando para uma mobilidade zero”, alertou, reforçando o compromisso de seu mandato como ferramenta de luta dos sindicatos.

A abertura ainda contou com o ex-presidente da FNA e membro do Conselho Consultivo da FNA, Kelson Vieira Senra, com o representante do IAB Pedro Rossi, o representante da FENEA, João Guilherme Tegoni, e representante da CONFETU, Alan Yukio Hayama. Pela Internacional de Trabalhadores da Construção Civil e da Madeira  (ICM), entidade da qual a FNA filiou-se em 2022, participou Nicolás Menassé. “Mobilizar a classe trabalhadora é a única forma de combater as desigualdades. Precisamos mostrar para os jovens que o sindicato também é um espaço para eles, mostrar que a luta é de todos. Também é necessário pensar não apenas em quem apoiar, mas em ocupar estas posições de liderança política”.

Foto: Carolina Jardine

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