“A ferramenta de trabalho é essencial para a relação do arquiteto com seu ofício e para a sua conexão com a sociedade. Por isso, precisamos participar também da construção desses instrumentos e dos processos que eles determinam”. Foi assim que o coordenador do projeto Softwares Livres para Arquitetura e Engenharia (Solare), Danilo Matoso, começou as atividades da mesa do Solare durante o 46º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA).
O debate, que aconteceu nesta sexta-feira (25/11), salientou a importância do fomento aos programas de código aberto e o quanto os altos preços dos softwares básicos para a viabilização da profissão têm afetado a continuidade de atuação na área. Participaram da conversa a vice-presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado da Bahia (Sinarq-BA) e professora do software QGIS no Solare, Paula Moreira, o arquiteto e urbanista e também professor do projeto, Allan Brito, o chefe de gabinete do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS), Paulo Soares e o diretor-geral da Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNEA), Luccas Brito.
Não só o controle sobre processo de trabalho é o objetivo do programa. Paula destaca que fomentar e apresentar aos profissionais essas alternativas é uma maneira de “ampliar a área de atuação da arquitetura, pela contribuição e o desenvolvimento dos próprios programas”. Allan destacou o quanto a comunidade também pode ser importante nesse trabalho. De acordo com o profissional, hoje, a maior parte dos softwares de BIM são desenvolvidos por arquitetos. “É uma maneira de liberar a nossa atuação, distribuir o nosso trabalho e trocar experiências, projetos e ferramentas. Precisamos fortalecer e instigar a categoria no desenvolvimento desses programas”.
Com isso em mente, Soares, que apresentou o compromisso do CAU/RS com o projeto, também afirma a importância das entidades se envolverem. “Podermos viabilizar uma alternativa funcional e gratuita e, enquanto entidade representante, temos que levar isso ao maior número de profissionais, principalmente quem está começando”. Com isso em mente, a FeNEA firmou a parceria com o Solare em setembro de 2022. “Temos uma ilusão das licenças estudantis durante a universidade e após a graduação, os recém formados acabam se submetendo a quem possa pagar ou a pirataria. Se fomentarmos o uso de softwares livres desde a sala de aula, abrimos uma porta de atuação para quem está recém saindo da universidade: a base da profissão”.