SAERGS encerra projeto NA ESTRADA 2016 com recorde de público na Fronteira

Cerca de 100 pessoas participaram da edição especial do projeto de interiorização do Sindicato dos Arquitetos no Estado do RS – SAERGS para todos os arquitetos e urbanistas – Na Estrada, que teve como tema A Atividade do Arquiteto e Urbanista em Cidades Gêmeas do Brasil, Uruguai e Argentina. Foram 11 palestrantes que levantaram importantes questionamentos como a importância da gestão compartilhada e o papel do arquiteto e urbanista para evitar a perda da identidade cultural nas cidades de fronteira. O evento foi realizado no Hotel Jandaia em Santana do Livramento no último fim de semana (6 e 7/5).

 

A arquiteta e urbanista Maria Lucia Torrecilha abordou o tema A Fronteira, a Cidade e a Linha – Gestão Compartilhada. Torrecilha, que estuda há 15 anos o assunto, ressaltou a importância de se ter uma gestão compartilhada e políticas públicas que facilitem o desenvolvimento das cidades de fronteira. O RS tem a maior área de cidades gêmeas, seguido do Mato Grosso. No entanto, na visão da palestrante, é visível que o Brasil ainda tem muito o que avançar sobre o tema. Ela trouxe o exemplo das cidades de Kehl (Alemanha) e Strasbourg (França) que foram desenvolvidas a partir de um concurso público que contratou arquitetos dos dois países para planejar a linha de fronteira.

Modelo que deu certo

 

No debate seguinte, a arquiteta e urbanista Berenice Costa apresentou o projeto que está desenvolvendo de resgate do patrimônio cultural nas cidades de Bagé (RS) e Melo (UY), realizado através do Programa de Cooperação Técnica Descentralizada do Sul-Sul. O objetivo do trabalho é realizar o levantamento e planejar a recuperação e preservação do patrimônio material e imaterial do município de Bagé. Uma das exigências do governo brasileiro era de que fossem contratados um arquiteto e um historiador uruguaios para que o trabalho fosse realizado em conjunto entre os dois países. A arquiteta uruguaia Graciela Nagy, que está desenvolvendo o projeto ao lado de Berenice, também participou do painel e contou em detalhes como o trabalho está sendo feito nos dois países.

 

Uma outra fronteira é possível

 

O historiador Glécio Santos Rodrigues explanou sobre Cooperação Descentralizada e mostrou como é possível arquitetos e urbanistas participarem de projetos e programas de políticas públicas, ressaltando que existe espaço para se desenvolverem importantes trabalhos citando como exemplo as profissionais Berenice Costa e Graciela Nagy.

 

Motivação começa nos bancos da Universidade

 

Com a palestra Planejamento Urbano nas cidades da faixa de Fronteira com o Uruguai, dois professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas, Otávio Martins Peres e Maurício Couto Polidoro foram os responsáveis por motivar os mais de 30 alunos de Arquitetura e Urbanismo da Urcamp em Bagé. Eles afirmaram que é possível aproximar os arquitetos da comunidade, mostrando como exemplos os projetos desenvolvidos dentro do Laboratório de Extensão, onde os alunos fazem projetos aplicados a realidade. Os estudantes trabalham com Prefeituras, realizam diagnósticos e se aproximam da comunidade para ouvirem suas demandas. Os professores ainda explicaram como funcionam os programas utilizados na Faurb e apresentaram um projeto, criado pelos estuda ntes, para integrar duas cidades fronteiriças: Rio Branco (Uruguai) e Jaguarão (Brasil).

 

Compartilhando experiências: Arquitetura em prática na fronteira

 

Para entender melhor como se desenvolve, na prática, o trabalho em projetos de fronteira, o SAERGS convidou os arquitetos e urbanistas Tiago Holzmann da Silva (Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento do RS) e Alexandre Giorgi para falarem do desafio de seus trabalhos. Tiago apresentou seu projeto Beira Foz – Plano Nacional de Inclusão e Desenvolvimento Integrado cujo desafio foi a elaboração de um Plano Geral de Urbanização para as margens dos Rios Paraná e Iguaçu, na cidade de Foz do Iguaçu (PR), através de uma Operação Urbana Consorciada, envolvendo as três esferas de governo, a iniciativa privada e a sociedade civil. Outra obra desafiadora está nas mãos de Alexandre Giorgi, que mostrou o passo a passo do projeto que tem como objetivo entregar À comunidade de Uruguaiana um espaço público e de qualidade junto à orla do rio Uruguai. Falou, também, sobre a dificuldade que foi elaborar o projeto, tendo o cuidado de preservar o espaço da orla que anualmente é inundado pelas cheias do rio. Uma das iniciativas do arquiteto foi perguntar aos moradores da cidade o que eles gostariam de ter naquele espaço. Com base nas respostas, o projeto foi sendo feito.

 

A vez do Uruguai

 

Na sequência, foi a vez dos arquitetos Maria Vírginia Urchoeguia e Leonidas Bayo falarem sobre a revitalização de um dos espaços da Plaza Internacional (cartão de visitas e ponto turístico que marca a fronteira entre Brasil e Uruguai). O objetivo dos arquitetos era trazer “um olhar” mais moderno ao marco entre as duas cidades Rivera – Santana do Livramento. O projeto é para construir um Centro de Visitantes da Fronteira, espaço destinado a receber autoridades em eventos nacionais e internacionais. A obra, feita em parceria com a Prefeitura de Santana do Livramento e a Intendência de Rivera, gerou polêmica nas cidades. Os arquitetos falaram sobre a dificuldade de desenvolver um projeto arquitetônico que mexe com a vida das pessoas, já que alguns moradores não são favoráveis naturalmente a mudanças.

 

O primeiro dia do encontro terminou com um jantar oferecido pelo SAERGS em que a presidente, Andréa dos Santos, e o Presidente do IAB/RS, Tiago Holzmann da Silva, fizeram um convite aos demais PROFISSIONAIS para participarem do UIA – 2020. É a primeira vez que o Congresso Mundial de Arquitetura será realizado no Brasil, a cidade escolhida foi o Rio de Janeiro.

 

Da teoria para a prática

 

Na manhã de sábado, a delegada sindical do SAERGS em Livramento, Andréa Ilha, convidou todos os participantes a fazerem uma visita técnica À divisa entre os dois países. O trajeto foi feito de ônibus enquanto Andréa destacava as condições de trabalho do arquiteto e urbanista. O destaque do passeio foi o trecho percorrido a pé para a visita às obras do Parque Internacional, em que Bayo e Viriginia, arquitetos uruguaios responsáveis pelo projeto, puderam apontar detalhes da obra. O arquiteto também falou sobre a revitalização da área dos dos camelôs, onde, atualmente, os ambulantes tem seus produtos armazenados dentro de “armários” propondo um chamado camelódromo mais moderno.

 

Para concluir o Projeto de Interiorização Na Estrada – Na Fronteira, a presidente do SAERGS, Andréa dos Santos fez um agradecimento pela participação de todos e chamou atenção para a importância de eventos desse tipo em que os arquitetos e urbanistas têm uma pausa na correria do dia a dia para refletir sobre o futuro da profissão.

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