Pastoral do Povo de Rua intensifica luta por moradia e população em situação de rua

Com uma atuação que remonta ao fim dos anos 1970, a Pastoral do Povo de Rua, criada no âmbito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 1993, teve seu trabalho junto à população em situação de rua ainda mais reconhecido durante a pandemia de covid-19. Isso aconteceu porque a realidade, que já era difícil e precária, foi agravada por ainda mais pobreza. O que deixou mais pessoas sem um teto, sem trabalho, com fome e com o risco de contágio do coronavírus, que já levou à morte mais de 610 mil brasileiros em um contexto de inédita e criminosa negligência do governo federal.

A atuação da Pastoral do Povo de Rua, foi, portanto, reconhecida e agraciada com o Prêmio FNA 2021, instituído para reconhecer iniciativas que dialoguem em favor da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil. As atividades da entidade envolvem a distribuição de alimentos, vestimentas, itens de higiene e saúde, especialmente importantes durante a pandemia, e também a defesa de políticas públicas voltadas para a população em situação de rua, incluindo o acesso à moradia digna e fim das práticas hostis de construção.

Em Belo Horizonte, onde atua a irmã Maria Cristina Bove, a pastoral realizou mais de 200 mil atendimentos durante a pandemia. Ela estima que, no Brasil, esse número passe de 500 mil. Ela ressaltou a relação da arquitetura e do urbanismo com o trabalho da entidade. “A arquitetura pode ajudar a repensar a cidade, uma cidade que tenha lugar para todos. Não pensamos na moradia como propriedade e sim como um direito constitucional que está estabelecido. Imaginamos uma arquitetura na qual todo mundo possa usufruir dela e criar, inventar espaços. Existem muitos espaços na cidade. Eles mesmos (pessoas em situação de rua) buscam e conhecem muitos lugares que podem se tornar uma moradia digna”, pontua. O trabalho de Bove faz par com o do vigário episcopal, Padre Júlio Lancelotti, que atua em São Paulo.

Bove também ressalta a importância do Prêmio FNA como uma possibilidade de uma visibilidade maior do trabalho da pastoral. “Faz muitos anos que a gente trabalha para garantir o direito à cidade principalmente para os mais pobres e para que o estatuto da cidade seja reconhecido e implementado. O fato de a FNA reconhecer a população de rua e ajuda-los a ter visibilidade, é importante porque coloca um outro olhar para a cidade, que é o desejo de realmente começar a implementar projetos de inclusão dessa população, que é vítima de remoções violentas”, salienta.

A cerimônia online do Prêmio FNA acontecerá no dia 26 de novembro durante o 45º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA), e transmitido pelos canais de comunicação da federação.

Imagem: Pastoral do Povo da Rua de Belo Horizonte

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