ODS 5 e 8 são focos de discussão em live do Circuito Urbano 2020

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 e 8, que correspondem a igualdade de gênero e trabalho decente com crescimento econômico, foram os temas norteadores do painel virtual desta quinta-feira (22/10), no Circuito Urbano 2020 da Onu Habitat. O alcance do ODS 5 é transversal e reflete a crescente evidência de que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável. Por outro lado, o ODS 8 reconhece a urgência de erradicar o trabalho forçado e formas análogas do trabalho escravo, além do tráfico de pessoas. Os itens integram uma lista de 17 objetivos que também contemplam a publicação “Guia IAB para Agenda 2030”, onde 51 projetos e planos foram escolhidos por entidades de classe para representar a arquitetura e urbanismo na próxima década. A live contou com a mediação da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, e do secretário de Políticas Públicas e Relações Institucionais da FNA, Patryck Carvalho.

Um dos projetos escolhidos para integrar o ODS 5 foi o Coletivo CoCriança, fundado pelas arquitetas e urbanistas Beatriz Martinez e Camila Sawaia. O projeto, que iniciou em uma disciplina acadêmica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUSP), revitaliza lugares públicos em periferias de São Paulo a partir do olhar das crianças dessas comunidades. A primeira intervenção do CoCriança foi no Jardim Elisa Maria, na Brasilândia, onde meninas e meninos do bairro reformaram uma praça da comunidade. Hoje, o coletivo conta com o auxílio de oito mulheres e busca levar discussões sobre equidade de gênero para esses espaços. “Pensamos as oficinas de uma forma horizontal e democrática, tornando a igualdade uma prática cotidiana para essas crianças”, explicou Beatriz.

No ODS 8, foram apresentados três projetos, o Centro Municipal de Inovação – Colabore, de Salvador (BA), o Caiçaras na Praia do Amor, de Conde (PB), e o Habitação de Interesse Social, de Goiânia (GO). O Colabore é uma iniciativa da Secretaria de Cidade Sustentável e Resiliência de Salvador e do Sebrae, que busca estimular ideias sociais que tragam inovação para a cidade. O projeto nasceu em 2017 e oferece um ambiente de trabalho compartilhado, favorável à criação e à interação entre a comunidade empreendedora. Os usuários do espaço têm acesso a escritórios compartilhados, auditório e salas de reuniões. Além disso, o espaço reutiliza a água da chuva, realiza tratamento de esgoto e captação de energia solar.

Com o nome coabitar, partilhar, gerar renda e caminhar, o projeto de Habitação de Interesse Social surgiu em um concurso de Arquitetura e Urbanismo do CAU/GO, onde a profissional Maria Jocelei Steck desenvolveu um conjunto habitacional de 52 casas geminadas em uma quadra cheia de diversidade e possibilidades de uso como referência e elo transformador da cidade saudável para as pessoas. Os espaços foram pensados para trazer mais comodidade, segurança e integração para a comunidade localizada no conjunto Vera Cruz. “Também possibilitamos espaços de oficinas que geram micro empreendedorismo entre as pessoas que ali residem e que podem gerar renda dentro de suas próprias casas com espaços flexíveis”, destacou Maria.

O último projeto apresentado foi a construção das caiçaras na Praia do Amor, desenvolvidas em parceria com a Prefeitura Municipal de Conde e da Universidade Pontifícia do Chile. Segundo o secretário de Planejamento do município, Flávio Tavares, as caiçaras dos pescadores estavam crescendo de forma espontânea e desordenada ao longo do tempo, situação que trouxe exploração financeira das construções, impacto ambiental negativo, uso de alvenaria, lançamento de esgoto e água cinza na praia. Em 2018, a prefeitura foi obrigada a derrubar os espaços e a partir disso surgiu a ideia de construir novas caiçaras. O projeto contou com o auxílio dos pescadores locais e hoje é considerado um ponto turístico na cidade, além de ser o principal ponto de trabalho desses profissionais.

Para a presidente da FNA, os ODS trazem um leque de possibilidades em projetos e planos que podem revolucionar a urbanização brasileira na próxima década. “É muito significativo estar aqui apoiando esses objetivos ao lado de outras entidades. Escolhemos 51 projetos que irão representar fielmente a proposta do guia e hoje conhecemos quatro iniciativas muito alinhadas a essa proposta”, ponderou. Na mesma linha, Carvalho elogiou o trabalho realizado por cada um dos painelistas e reforçou a dimensão desses projetos para as comunidades que eles abraçam.

A programação do Circuito Urbano 2020 segue até o dia 31 de outubro com diversos painéis sobre direito à moradia, política habitacional, urbanização das metrópoles, cidades pós Covid-19, entre outros. As palestras são transmitidas ao vivo no Canal do Youtube do evento e o cronograma completo pode ser acessado aqui.

Assista o painel desta quinta-feira aqui.

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