Advocacy é um termo em inglês para um conjunto de ações que designa a defesa de interesses voltados à promoção do bem público e das causas sociais. Na arquitetura e urbanismo desempenha um papel fundamental na promoção de cidades mais inclusivas, sustentáveis e resilientes. Ao articular as necessidades das comunidades locais, esses profissionais são essenciais nas tomadas de decisão de políticas públicas, diretrizes de planejamento urbano e regulamentações de construção. Por meio do advocacy, arquitetos e urbanistas podem realizar projetos que priorizem o acesso nas cidades, o desenvolvimento de espaços públicos seguros e vibrantes, além de soluções inovadoras para os desafios contemporâneos, como a mudança climática e a escassez de recursos.
Ao desempenhar um papel crucial na conscientização e educação pública sobre questões urbanas, esta ação, quando feita por arquitetos e urbanistas, envolve os cidadãos no ambiente construído, a fim de fortalecer o senso de pertencimento e responsabilidade das comunidades em relação ao seu entorno. Essa abordagem colaborativa não apenas resulta em soluções adaptadas às necessidades locais, mas também promove uma cultura de engajamento cívico e empoderamento às populações mais vulneráveis, essenciais para a construção de cidades mais justas e equitativas.
O espaço urbano é o principal campo de atuação da política e do poder público; portanto, é o foco principal do ativismo na arquitetura, com ações geralmente descritas como urbanismo tático. Ou seja, quando o planejamento utiliza ferramentas ou recursos – ou táticas – para alcançar o objetivo. O urbanismo tático é um movimento no qual os espaços públicos são repensados para aproximar as pessoas dos espaços e resolver problemas locais.
Ao mostrar a força da sociedade civil, o advocacy se torna uma ferramenta de reformulação das cidades, desempenhando papel importante, cujas diferentes formas de intervenções urbanas podem alterar espaços para tratarem de questões específicas, como mobilidade urbana. Na transformação e regeneração dessas zonas ou áreas urbanas, tais processos surgem da necessidade de que a população possa usufruir e ser impactada de forma positiva pela área transformada, isto é, o planejamento deve apoiar-se na participação da comunidade.
Esses projetos, muitas vezes liderados por governos em parcerias público-privadas, necessitam que as comunidades locais sejam integradas e envolvidas para não serem desconsideradas em suas realidades. Reconhecer que tais mudanças não são responsabilidade de um único setor, ou uma única organização, mas sim de movimentos de múltiplos atores, tanto do ponto de vista da demanda, quanto da inovação e da intervenção, faz parte da função social dos profissionais de arquitetura e urbanismo.
Para Andréa dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), “movimentações como essa denotam a preocupação que nós arquitetos e urbanistas temos com a população enquanto exercício do direito à cidade”.
“Permitir que todos tenham acesso à cidade é trabalho conjunto de todas as instâncias da sociedade: autoridades, comunidades locais e claro, profissionais de arquitetura e urbanismo em todas as suas áreas de atuação, tendo cada vez mais espaço nos processos de tomada de decisão política para melhoramento dos espaços urbanos”, conclui Andréa.
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