Nota FeNEA: Pela democracia e o direito à educação

A Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA) vem a público manifestar repúdio à onda opressora que ameaça as minorias e os direitos sociais no país, em especial os conquistados por essas minorias após décadas de luta. Essa onda, além de ameaçar direitos já conquistados, inibe a luta pelos que ainda não foram conquistados. A manifestação contrária é assim uma resistência contra políticas de preconceito e de autoritarismo.

Dentre os direitos que esse movimento opressor ameaça se encontra o acesso à educação. Direito arduamente conquistado e que ainda precisa avançar muito, dentro de cursos como o nosso, ainda tão elitista e excludente, onde encontramos pessoas que os pais não possuem ensino superior, que os avôs são analfabetos, mostrando a discrepância da educação e na divisão de classes no nosso país e como uma federação estudantil não podemos nos manter calados enquanto assistimos o sucateamento daquilo pelo que tanto lutamos. “A crise da educação do Brasil não é uma crise; é projeto.”, Darcy Ribeiro disse isso há 30 anos e os discursos de alguns políticos atuais apenas comprovam a realidade dessa frase e a importância da nossa luta, ainda mais como uma entidade histórica que realizou seu primeiro encontro estudantil nacional de forma clandestina durante o período de exceção da ditadura militar.

É importante, nesse momento, olhar para a história do nosso país e de sua democracia tão frágil que muitas vezes foi interrompida por movimentos autoritários que justificam sempre em suas mandatas agressões às camadas mais populares de nossa sociedade, e escrevemos para mostrar que não aceitamos que esse movimento volte e se fortaleça trazendo mais uma ruptura social, como vemos acontecendo.
Achamos importante ressaltar que sem democracia, sem liberdade e sem igualdade não podemos construir um país com cidades inclusivas e uma sociedade mais humanitária, como tanto discutimos e debatemos nos nossos espaços.

Considerando nosso compromisso como Federação no debate pelo direito dos corpos à cidade e na luta por igualdade não compactuamos com ideais que contrariam esses princípios. E como Federação somos contrários ao machismo, racismo e à discriminação em relação à identidade de gênero e orientação sexual presentes em certos discursos políticos, que reverberam nas relações sociais afetando principalmente as minorias.

Defendemos a livre manifestação de todos os indivíduos que compõem a FeNEA, desde que não tolha à outros, porém, ao vermos o momento histórico em que nos encontramos e a política que cada dia se mostra mais perto dos poderes, sendo esta refletida na nossa sociedade, não podemos deixar de nos posicionar. Convocamos todas as pessoas a refletirem sobre seu voto e alinharem o mesmo ao projeto de nação no qual acreditam. Vale ressaltar a importância do seu voto para todos os cargos, nos últimos quatro anos tivemos, nos representando, um congresso “(…) pulverizado partidariamente, liberal economicamente, conservador socialmente, atrasado do ponto de vista dos direitos humanos e temerário em questões ambientais.”, e o mais conservador desde 1964*. A discussão de mudança do país não deve ser focada apenas no poder executivo, mas também, e principalmente, no legislativo.

“Na avenida a vida vai e a briga é por paz”, então vamos todos juntos para a rua votar e lutar pelo que acreditamos, porque voto é um direito que foi conquistado por grande parte da população e nossa forma mais sistematizada de luta.

“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor” – Desmond Tutu

Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil

* Fonte: Radiografia do novo congresso feita e publicada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP)

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