Mais da metade dos arquitetos brasileiros ganha metade do piso

Mais da metade dos profissionais (51%) que atuam no campo da arquitetura e do urbanismo trabalha de forma autônoma ou sem vínculo empregatício. O dado, apresentado nesta terça-feira (21/12) pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU Brasil), faz parte do Censo CAU 2020. Segundo o levantamento, 51% dos profissionais entrevistados informaram que recebem até 3 salários mínimos, ou seja, metade do piso da categoria.

A pesquisa foi realizada para atualizar o perfil dos arquitetos e arquitetas brasileiros. Entre os dados coletados pelo CAU, destaca-se o fato de a categoria ser composta 58% por mulheres e que apenas 22% se identificarem como sendo de raça negra frente a uma maioria branca (69%). A informação étnica é uma novidade do estudo de 2020, assim como a coleta de dados sobre eventuais deficiências físicas, mentais, intelectuais e/ou sensoriais.
Dividido em seis categorias, o Censo levantou os dados pessoais, renda, formação, hábitos, trabalho e política dos profissionais brasileiros. Realizado entre os dias 2 de janeiro a 30 de junho de 2020, ouviu 45.838 profissionais através dos seus acessos pessoais ao Sistema de Informação e Comunicação do CAU (SICCAU). O questionário, de 45 perguntas, trazia dados sobre idade, gênero, raça, deficiências (físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais), faixa de rendimento médio, escolaridade/formação e principais obstáculos no exercício da profissão de arquitetura e urbanismo.

A presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, destacou a importância do estudo. “Os censos são importantes para que tenhamos um parâmetro do perfil pessoal dos arquitetos e das arquitetas, mas, principalmente, para que possamos entender como está o mercado de trabalho desses profissionais e traçarmos estratégias pela garantia de direitos trabalhistas”. Hoje, o Brasil tem 212 mil arquitetos e urbanistas, mas apenas 21,6% deles responderam ao questionário do CAU. A maioria (71%) dos profissionais concentra-se nas regiões Sul e Sudeste, sendo que 31% deles estão no estado de São Paulo.

Em relação à atuação e ao campo de trabalho, 41% informaram não contribuir com a previdência, seja pública, seja privada, 77% não possuírem pessoa jurídica estabelecida, atuando de forma autônoma. A área que emprega a maior parte dos profissionais ainda é a arquitetura de interiores, citada por 62% dos entrevistados.

O vice-presidente da FNA, Ormy Hütner Jr, destaca que os dados também trazem informações sobre o trabalho das entidades de arquitetura. “85% dos profissionais que responderam à enquete declararam não serem filiados a nenhum tipo de entidade, ao mesmo tempo que 79% deles também afirmaram que a sociedade não valoriza o trabalho dos arquitetos. Acredito que temos um grande campo de atuação para que os profissionais vejam que as entidades podem e devem ser uma forma de conscientização de toda a população sobre a necessidade de a arquitetura fazer parte do dia a dia”.

É possível acessar os dados completos da pesquisa através do site: https://caubr.gov.br/censo2020/

Fonte: CAU Brasil

Rolar para cima