FNA defende cidades mais humanas para todos na abertura do UIA2021RIO

“Temos que debater o futuro das cidades que queremos, cidades mais inclusivas com políticas voltadas a garantir o direito dos cidadãos, como por exemplo o direito à assistência técnica para habitação de interesse social”. Esse foi um dos apontamentos da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia na abertura do UIA2021RIO. O início do evento mundial ocorreu na manhã deste domingo (18/07) de forma virtual em decorrência da pandemia. De acordo com a presidente, o momento exige união das entidades e profissionais, assim como reconhecimento sobre o significado da profissão. “Precisamos buscar outro mundo possível, sem desigualdades, que ofereça um ambiente saudável e pleno de oportunidades para o desenvolvimento sustentável”, afirmou.

 

Além disso, ela entende que garantir saúde para todos depende da ciência, da medicina, mas também da arquitetura e do urbanismo. “É essencial que sejamos agentes de cidades mais humanas para todos. É um caminho difícil, é verdade, mas é um caminho que depende do saber fazer coletivamente. Esse grande encontro de arquitetos e urbanistas de todos os mundos nos ajuda a visualizar uma direção para onde, juntos, possamos seguir. Como um mundo só”, pontuou.

 

Em sua fala, a presidente agradeceu aos ex-presidentes da Federação Jeferson Salazar e Cicero Alvarez por acreditarem na oportunidade de reunir arquitetos de todo o mundo. Eleonora também salientou como as novas tecnologias na atividade profissional dos arquitetos e urbanistas são desafiadoras. “Se por um lado a tecnologia traz ganhos consistentes à profissão, por outro surgem ameaças que precisam ser enfrentadas com seriedade, tanto no âmbito do mundo do trabalho, quanto do ensino da arquitetura e urbanismo”, disse. Nesse sentido, a FNA e seus sindicatos apresentarão no congresso diversos debates que irão de encontro com a temática do UIA deste ano: “Todos os Mundos, um só mundo”. A primeira mesa da Federação no evento “Mundo do trabalho: Transformações no espaço das relações contemporâneas” ocorre ainda neste domingo, das 17h às 19h.

 

A presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Maria Elisa Baptista, acredita que a população vive um momento de esvaziamento do pensamento crítico e do debate político, além da desconfiguração de processos democráticos com o ressurgimento de regimes autoritários e violentos. Nesse cenário, Maria Elisa caracterizou as atividades propostas pelo UIA como atos de esperança. “Esperança necessária em momento crítico para a humanidade, em que a vida no planeta está em risco pelo esgotamento de recursos vitais, pelos efeitos perversos da mudança climática e pela degradação dos ecossistemas agravados pela pandemia que, de modo avassalador, expôs principalmente os mais pobres, pessoas vivendo em moradias precárias, em áreas desprovidas de infraestrutura”, explicou. A presidente concluiu dizendo que unidos, os arquitetos e urbanistas são uma força transformadora em construção de um mundo justo, solidário, generoso e amoroso.

 

Segundo a presidente Nadia Somekh do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), as entidades estão envolvidas na organização do evento desde 2014, quando o Rio de Janeiro foi anunciado como a sede do evento em 2021. Nadia destacou que o objetivo do evento é ir além de apresentar a arquitetura brasileira, mas trazer todos os participantes para discutir os graves problemas do país. “Hoje temos 25 milhões de moradias precárias no território brasileiro. Como vamos melhorá-las? Com a possibilidade de fazer um trabalho amplo com os nossos arquitetos. Temos esse compromisso. Além desse número, 85% das edificações no Brasil são feitas sem arquitetos. Nós temos o compromisso de ampliar e sensibilizar a nossa população da importância do nosso ofício. Acho que esse é o principal legado do UIA2021”, ressaltou.

Rolar para cima