O Cineclube Vladimir Herzog exibe nessa terça-feira (31/5), às 19h, Estado de Sítio (État de siège, 1972), filme franco-teuto-italiano dirigido por Costa-Gavras e estrelado por Yves Montand e Renato Salvatori. A iniciativa, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) e do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP), visa resgatar um cineclube que teve papel importantíssimo na resistência à ditadura e na luta pela redemocratização do país.
A exibição é gratuita. Após, haverá um debate sobre a tortura e Estado militarizado com o tenente-coronel Adilson Paes de Souza, da Polícia Militar de São Paulo, e com a jornalista Vilma Amaro, presidenta do Grupo Tortura Nunca Mais-SP. Também participa Givanildo Manuel, representante do Comitê pela Desmilitarização da Polícia e da Política-SP.
Inspirado em um livro de Franco Solinas, o filme se baseia em fatos reais: o sequestro no Uruguai do agente americano Dan Mitrione e do cônsul brasileiro Aloysio Gomidepelos Tupamaros, em 1970. A obra retrata também a formação de “Esquadrões da Morte” na América Latina com ajuda e financiamento diretos dos Estados Unidos. A história, filmada no Chile, então governado por Salvador Allende, narra a vida de Philip Michael Santore (Montand), um funcionário americano que é raptado por um grupo de guerrilha urbana de extrema-esquerda autodenominado Tupamaros.
Durante o interrogatório pelos captores encapuzados, Santore se diz um simples técnico, mas é confrontado com evidências de que sua missão real é instruir policiais de vários países sul-americanos, ensinando métodos de tortura, intimidação e assassinatos sem julgamento, o que levaria a formação de “Esquadrões da Morte”, acobertados pelas autoridades. Enquanto Santore é mantido cativo, os sequestradores negociam com o governo a troca dos reféns por prisioneiros políticos, causando uma grave crise institucional e a quase renúncia do presidente do país.
O que: Exibição do filme “Estado de Sítio” (État de siège, 1972), do franco-teuto-italiano dirigido por Costa-Gavras + Debate: Polícia de ontem e de hoje: tortura e militarização da política no Brasil.
Com quem: Tenente-coronel Adilson Paes de Souza, da Polícia Militar de São Paulo / Vilma Amaro, presidenta do Grupo Tortura Nunca Mais-SP / Representantes do Comitê pela Desmilitarização da Polícia e da Política-SP
Quando: Dia 31 de maio (terça-feira), às 19h30.
Onde: Rua Rêgo Freitas, 530, Sobreloja, República, São Paulo.
Mais informações: (11) 3217-6299
Minibiografias dos palestrantes:
O tenente-coronel Adilson Paes de Souza é um estudioso do tema da violência policial. Possui Mestrado em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, e sua tese se transformou no livro O Guardião da Cidade, da editora Escrituras. É bacharel em direito pelo Centro Universitário Faculdades Metropolitanas Unidas. Foi aprovado pelo exame de ordem da Ordem dos Advogados do Brasil – SP. Atualmente é estatutário – Oficial da Policia Militar do Estado de São Paulo (Tenente Coronel) da reserva, desde de janeiro de 2012. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direitos Humanos, Direitos Difusos e Coletivos, Direito Constitucional. É Membro da Comissão Justiça e Paz da Arquediocese de São Paulo.
A jornalista Vilma Amaro, presidenta do Grupo Tortura Nunca Mais – São Paulo e diretora do Sindicato dos Jornalistas (SJSP), foi capturada pela primeira vez em Ibiúna, durante o 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), organizado clandestinamente, numa operação militar que resultou em 1.000 presos. Anos depois, a militante do Port (Partido Operário Revolucionário Trotskista) seria presa novamente com 15 mulheres, que moravam juntas num apartamento na Rua das Palmeiras, na Capital. Neste momento, conheceu o Quartel da Força Pública de São Paulo. Após a prisão ela ficou exilada no Chile e Venezuela, retornando ao Brasil somente em 1975.
Givanildo Manuel é militante há 32 anos, atuando na defesa de Direitos Humanos. Atualmente, Giva compõe o Tribunal Popular, a Associação de amigos e familiares de presos/as (Amparar) e o Comitê Paulista pela Desmilitarização da Polícia e da Política.
Os Comitês pela Desmilitarização da Polícia e da Política surgiram em 2013 como uma aglutinação de pessoas e entidades sensíveis ao tema da violência urbana, e que decidiram se organizar para contribuir de forma crítica com as discussões e ações em torno da segurança pública. Assim, nasceram da necessidade urgente de se repensar modelos alternativos às políticas públicas de segurança que foram implementadas nas últimas décadas e que chegam aos dias de hoje em situação de evidente crise.