Entidades pedem medidas para evitar tragédias como de Brumadinho

Quase uma semana do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho (MG), a tragédia contabiliza mais de 80 mortos e mais de 200 seguem desaparecidos. Nesse momento, ampliam as manifestações de entidades relacionadas aos profissionais de arquitetura e urbanismo para que uma série de questões sejam reanalisadas, para que tragédias similares não se repitam.

Uma das manifestações veio da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, com nota assinada por Luciana Bongiovanni Martins Schenk. Na nota, recordava que, em janeiro de 2016, a Associação, por iniciativa da direção da ABAP Rio, escreveu a Carta de Mariana, lamentando a tragédia ocorrida no Rio Doce que comprometia os ecossistemas, abastecimento de água potável, destruía atividades econômicas, como a pesca e o turismo. Além disso, deixou rastro de 700 km de lama que se estendia até o Espírito Santo, e destruía sua paisagem, patrimônio material e imaterial.

“Uma vez mais a ABAP, entidade nacional que reúne Arquitetos Paisagistas, reivindica que as ações de contenção e reparação dos danos socioambientais sejam divulgados, que haja presteza nas ações de resgate e mitigação, e transparência no processo de apuração das informações, em especial, que os responsáveis recebam o tratamento legal condizente que, no entanto, não dissipará o drama que se apresenta”.

A nota destaca ainda a necessidade de planejamento e projeto; capacitação profissional rigorosa e comprometida e a necessidade urgente de rever a agenda que desmonta escolas e ensino. “O círculo vicioso que descola formação, atribuição profissional, responsabilidade técnica, respeito pelo conhecimento e rigor na concepção e construção, esse sim, precisa ser rompido. Não podemos nos acostumar às tragédias, naturalizar a barbárie como algo que esperamos ocorra de tempos em tempos. Que essa cicatriz de lama na paisagem não deixe nossa memória, que ela nos inspire à mudança”, termina a manifestação.

Nessa mesma linha, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) manifestou solidariedade às vítimas do rompimento da barragem e condenou a nova tragédia. “O rompimento de mais uma grande barragem de mineração no país, 3 anos depois de Mariana, não é um desastre. É crime decorrente da irresponsabilidade com que, de modo geral, setores público e privado tratam a questão de segurança ambiental e do trabalho, negligenciadas e vistas equivocadamente como entrave ao desenvolvimento econômico. Os resultados são a morte humana e os danos irreversíveis ao nosso patrimônio ambiental e construído”.

  A nota ressalta ainda a necessidade de a sociedade recordar que os recursos naturais são finitos. “Onde conflitos entre a ocupação humana e o ambiente são cada vez mais cotidianos e geram mais e maiores impactos. Neste quadro, a premissa do crescimento infinito se torna obsoleta: não há mais espaço ou recursos para isso e é necessário assumirmos novos paradigmas de desenvolvimento, baseados na racionalização da produção, na redução do desperdício e na conservação do existente”.

O IAB reforça a necessidade do debate da questão ambiental. “Ela gera empregos, renda e desenvolvimento científico, social e econômico. Para tanto, o fortalecimento institucional na área de gestão ambiental é imprescindível. Ampliar sua capacidade de licenciamento, fiscalização e inovação é dever público e privado. O que temos visto é justamente o contrário, em todas as esferas de Governo, com o desmonte de instituições que já operavam aquém da demanda”.

Além de exigir do Judiciário que atue pelo fim da impunidade de crimes ambientais, a nota assinada pelo presidente IAB, Nivaldo Andrade, propõe uma Nota Técnica com propostas de soluções objetivas, contando com a abertura ao diálogo por parte das autoridades públicas e do setor privado.

Crédito: Israel Defense Forces

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