Cidades se erguem na luta do trabalhador

Há muito trabalho a ser feito pelos arquitetos e urbanistas brasileiros. Apesar de sermos quase 220 mil profissionais, a maioria das construções brasileiras não têm responsável técnico e vivenciamos graves problemas urbanos cotidianamente. Grandes cidades sem planejamento, onde ilhas de poluição, calor e ruído têm tornado a vida dos habitantes um constante desafio. Nossas áreas urbanas dispõem de saneamento precário, mobilidade limitada e segurança muito aquém da razoabilidade. No 1º de Maio, a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) convida o poder público, lideranças do executivo federal, estadual e municipal e os próprios profissionais a refletirem sobre a força do seu trabalho como agente de transformação do Brasil. 

Viveremos o primeiro Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras sob a égide de um novo governo. Por si só, isso já nos traz esperança de valorização da classe trabalhadora. Contudo, as mudanças precisam ser estruturadas e iniciadas com veemência. Valorizar o trabalhador passa por lutar por salários dignos e bem acima dos  R$ 1.320,00 que passam a valer a partir desta segunda-feira (01/05). É lutar pelo salário mínimo profissional, incentivar a manutenção e busca de direitos trabalhistas ora previstos em nossa legislação, o enfrentamento da pejotização, a garantia de acesso à seguridade social e o fortalecimento do próprio movimento sindical. 

Precisamos mostrar à sociedade e a nós mesmos que o trabalho da arquitetura e do urbanismo é chave para a dignidade social, para o exercício da cidadania e da democracia. É por meio de nossa força de trabalho que materializamos locais adequados para moradia, que proporcionamos a ocupação dos espaços urbanos e, com isso, damos voz às pessoas que interagem, que aprendem, que se posicionam e que fazem política.

Além de garantir o acesso a uma vida digna pela população, esperamos que nos próximos anos também haja o fortalecimento do movimento sindical, profundamente desmantelado no último período, mas que desde 1931 vem defendendo os trabalhadores do Brasil. Somente através de entidades com força de representação, é possível a defesa das classes trabalhadoras contra às condições impostas pelos empregadores, a favor das políticas de direitos e conquistas e na construção do que é direito diante destes novos tempos que trazem consigo a forte presença das tecnologias e das plataformizações de trabalho. 

Nosso esforço é para que 2023, ano em que se completam 80 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), seja o marco de um novo ciclo. Cobraremos os governos federais, estaduais e municipais por projetos que fortaleçam a classe trabalhadora e as entidades representativas, para que a existência e a resistência dos trabalhadores se mantenham vivas. O discurso de valorização e acesso à saúde, trabalho, moradia, cultura, lazer e direito à terra precisa do apoio direto das centrais sindicais. O movimento sindical se reinventa e reinventará todas as vezes que for necessário para seguir em frente, cobra e cobrará por apoio e para se fazer presente na defesa de quem ergue as cidades.

1º de maio de 2023
Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas – FNA


Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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