Reforma é um texto perverso para a classe trabalhadora

A Reforma Trabalhista é uma proposta perversa para a classe trabalhadora que tem como objetivo o desmanche dos direitos sociais e a extinção da Justiça do Trabalho. A posição foi defendida pela juíza do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), Valdete Souto Severo, durante mesa na manhã deste domingo (3/12), em Belo Horizonte (MG). “A contenção da reforma não se dará no Judiciário. O primeiro elemento de contenção serão os sindicatos”. Nessa batalha, cita ela, os sindicatos precisarão se ressignificar e transgredir em busca dos direitos. “Se o sindicato continuar agindo nos limites de que lhe são impostos, não vai conseguir mudar nada. É hora do movimento sindical mostrar ao que veio”, provocou, alertando para que a ausência de mudanças pode fazer com que o movimento não sobreviva. Uma das alternativas, pontuou ela, é a união de sindicatos de diferentes categorias em torno de causas comuns.

Segundo ela, a Reforma Trabalhista deve ser uma delas porque destrói as conquistas da Constituinte de 1988 e atinge a todos. “Reduz salários e tira dinheiro do comércio. Fragiliza as relações de trabalho e afeta as relações pessoais. Reduz poder de consumo e aumenta a violência”, disse. Sobre as dezenas de direitos retirados dos trabalhadores pela reforma, a juíza destacou os danos que virão com a pulverização dos locais de trabalho uma vez que o ser humano precisa de contato entre iguais para se afirmar. “O teletrabalho invizibiliza. A terceirização faz a mesma coisa”, disparou.

Valdete defendeu que, entre tantos prejuízos, uma “vantagem” da reforma trabalhista é fazer com que as pessoas percebam que esse modelo de sociedade vivenciado não pode mais ser aceito. Nesse cenário, ela destacou a importância da organização da classe trabalhadora. “Enquanto estávamos tentando salvar esse modelo de sociedade, foi a classe trabalhadora que revelou a necessidade de que alguns limites fossem impostos”, lembrou.
Segundo ela, as regras trabalhistas no Brasil foram criadas a partir da atuação dos sindicatos com o capital. “É a classe trabalhadora organizada que arranca do capital a necessidade de impor limite nesse sistema”, disse.

O integrante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Marcos Landa, falou sobre os impactos da Reforma Trabalhista e Previdenciária, que estão sendo impostas pelo governo de cima para baixo. “Mais de cem pontos foram mexidos na reforma trabalhista”, alertou. E fez referência à suspensão da greve prevista para dia 5 de dezembro, o que avaliou como um erro.

Também participante da mesa, Antônia de Pádua, da Central de Movimentos Populares (CMP),  afirmou que os sindicatos teriam que ter sido mais aguerridos na luta contra a perda de direitos que foi asseverada com a reforma trabalhista. “É uma perda muito grande, principalmente para nós dos movimentos populares”, afirmou. Ela destacou, no entanto, que a população está conseguindo entender agora, no período pós impeachment da presidente Dilma Rousseff, a complexidade da situação atual do país.

Para ela, ainda há muita luta pela frente. “Fico, enquanto movimento, pensando que não dá para a gente parar. Cada encontro como esse é importante para o que está acontecendo”, disse. “É o momento de levantarmos a cabeça, de nos empoderarmos”, ressaltou.

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