Por um Brasil onde o povo seja protagonista de seu tempo

O Brasil precisa de uma radicalidade democrática que devolva o poder de protagonismo da população tanto em relação a suas próprias vidas quanto na formação de políticas públicas. Com uma manifestação emocionante sobre a formação dos direitos humanos e das cidades, que foi de Troia a Brasília, a deputada federal Erika Kokay marcou a primeira mesa de debates da Reunião Ampliada da FNA, realizada neste final de semana em Brasília e mediada pelo presidente da federação, Cicero Alvarez. “Sem a democracia os direitos não florescem. Os direitos precisam do chão da democracia para florescer”, conclamou. E isso, garantiu ela, não será feito “por um governo sem voto”.

A parlamentar criticou a posição do executivo federal de tirar a voz do povo por diferentes meios, como os recentes impedimentos a encontros dos conselhos populares setoriais. E acrescentou que essa supressão de direitos chega ao lado de um movimento para perpetuar a agenda do golpe que, com a recente prisão do ex-presidente Lula, tira do povo o poder de reação nas urnas nas eleições de 2018. Um movimento planejado que contou com a grande mídia na construção dessa narrativa golpista. “O golpe está esgaçando os tecidos e se estendendo por um período maior do que esperávamos. O correr da vida, às vezes, embrulha tudo. Isso exige de nós coragem”, vociferou.

Erika falou sobre o “direito de ser” em uma sociedade tão mercantilizada e que naturaliza a violência. “O direito de ser é revolucionário. Quando se captura o comportamento, os desejos, estamos capturando a condição humana”, considera. E acrescenta: “o direito de ser e o direito de amar pressupõem o direito à cidade como um espaço que nos pertence”, condição esta que é destruída pela cultura do medo, que leva a uma aceitação da violação de direitos.

E foi além. Erika disse que o Brasil vive um processo de desumanização simbólica, movimento que precede a desumanização formal e se compara àquele capitaneado por Hitler contra os judeus e pelo movimento escravocrata contra os negros. “A escravidão não teria durado tanto tempo se o negro não tivesse sido desumanizado antes. Assim como as mulheres”. E traçou paralelo com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, indicando que ela foi “apeada do governo não por seus erros, mas por seus acertos”. “O fascismo está tomando a Câmara e está beijando nosso rosto todos os dias. Ele estabeleceu o golpe e veste gravata. E isso já faz dois anos”, frisou, lembrando o 17 de abril de 2016, quando a Câmara votou o impeachment. Além de “rasgar 54 milhões de votos”, o processo ainda não terminou e ganha corpo todos os dias. “O golpe entra na casa das pessoas, retira a comida da mesa do trabalhador. Ditadura veste paletó, veste toga e veste fardas”.

A deputada alertou para os mandos do rentismo e do capital no país e criticou o discurso de minimizar o papel do Estado. “O Estado nunca foi mínimo para os bancos e nem para determinados grupos econômicos da elite, que sempre engordou seus lucros com ajuda do Estado”. Consciente da importância de ter as instituições e empresas públicas atuando em prol do coletivo, a deputada petista conclamou os colegas a reagirem contra a Emenda Constitucional 95, que definiu como o “coração pulsante do golpe”. “Precisamos realizar um debate em rede”.

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