A mulher é injustiçada pela sociedade desde muito jovem. Elas crescem aprendendo que “brincar” de lavar louça é divertido, que “brincar” de cuidar de bonecas é legal. Porém, quando se é criança, não se sabe que a sociedade espera que o futuro dela seja esse: tornar-se uma boa esposa, uma boa filha, boa nos afazeres domésticos e acima de tudo, se tornar uma mãe exemplar.
Com o passar dos anos e com a evolução do movimento feminista, as mulheres começaram a conquistar espaços no mercado de trabalho e começaram a serem vistas nas mais diversas áreas. Apesar desse avanço, ainda são destinadas às funções domésticas, familiares e maternas, como se fossem obrigações e deveres apenas femininos. Isso reforça um imaginário social que coloca a carreira da mulher em constante conflito com sua vida privada, especialmente quando ela se torna mãe.
Cerca de 65,2% das mães participam ativamente do mercado de trabalho no Brasil. Elas resistem à pressão cultural que insiste em colocá-las como únicas responsáveis pelo lar e pela família, conseguindo, na maioria das vezes, conciliar tarefas domésticas, vida profissional, estudos e maternidade. Mas a grande pergunta que fica é: como essas mulheres conseguem dar conta de tudo isso? Como conciliam o cuidado com os filhos, a formação acadêmica e as exigências do mercado de trabalho?
A diretora de Relações Institucionais e Políticas Públicas do SASP, Marineia Lazzari Chiovatto, compartilhou sua experiência como mãe de seis filhos durante o processo de profissionalização. “Com os serviços domésticos e as interações inerentes à maternidade, procurei compensar nos momentos que tínhamos juntos. Durante esse processo, minha rede de apoio foi o meu marido, e as crianças foram minha fonte de inspiração, força, fé e dedicação.”
Dânya Silva, secretária-geral da FNA, relatou algumas das dificuldades que enfrentou sendo mãe solo. “Tive que trabalhar em harmonia com os meus filhos e com pessoas de confiança à minha volta. Cheguei a levá-los para a faculdade, e a própria instituição me ajudou com isso. Negociei a minha maternidade com o trabalho e levei meu filho mais novo para reuniões. Meus colegas de trabalho me apoiaram muito. Fui mãe solo, então recebi muita ajuda, tanto dos meus pais quanto de fora do ambiente familiar. Com o tempo, entendi que precisava desacelerar um pouco. Quando minha filha nasceu, há 21 anos, percebi que deveria estar presente na educação deles.”
A arquiteta e urbanista Karla Moroso acredita que ser mãe e arquiteta, são aspectos ligados à sua identidade. “Nunca passou pela minha cabeça desacelerar ou pausar a carreira por conta da maternidade. Talvez por medo de não conseguir prover o mínimo para o meu filho. Mas eu, Karla, sou arquiteta e mãe, e amo ser as duas coisas. Partindo desse ponto, não concilio os dois mundos, eles convivem. Nunca deixei de fazer nada por ser mãe. As coisas caminharam juntas: desde o meu filho trabalhar comigo quando era bebê até, mais tarde, conseguirmos criar uma rotina compartilhada.”
Ser mãe não é fácil, mas as mulheres conseguiram se adaptar à rotina de trabalho e à responsabilidade afetiva que acompanha a maternidade. Neste dia das Mães, a Federação Nacional de Arquitetura e Urbanismo (FNA) celebra essa data com muita alegria, mas ciente de que o mercado de trabalho e a sociedade precisa receber essa parte da vida das mulheres de braços abertos. É um momento para valorizar e, acima de tudo, parabenizar as mulheres que, com coragem, amor e resiliência, equilibram tantos papeis e continuam transformando o mundo ao seu redor.