Mobilização revolucionária é caminho para democracia no Brasil

Danilo Matoso, coordenador do Arquitetos-DF, e Nirceu Werneck, diretor sindical

A superação do golpe e do governo hoje estabelecido no Brasil passa por uma mobilização de características revolucionárias, que consiste em um debate que não sucumbe às institucionalidades e nem acredita nos processos pretensamente democráticos da burguesia e que eleva a consciência da classe trabalhadora sobre sua realidade. A ideia foi defendida pelo arquiteto e urbanista Danilo Matoso, coordenador do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Distrito Federal (Arquitetos-DF). Durante Reunião Ampliada com lideranças sindicais da FNA de todo país na manhã deste domingo (15/4), em Brasília, ele sugeriu a união da população em Comitês contra o Golpe em diferentes estados.

Segundo o dirigente, é preciso explicar às pessoas o que está acontecendo, panfletear, promover atos públicos. “Temos que conter o avanço da burguesia internacional sobre os trabalhadores do Brasil e lutar contra o imperialismo”, acrescentou Matoso. O combate ao golpismo, avalia, passa por usar as próprias contradições internas desse movimento. “Podemos usar isso contra o golpe, mas não se pode pensar que o golpe não existe”, alertou. O sindicalista ainda sugeriu que os sindicatos realizem assembleias em seus estados para debater o combate ao golpe.

Em uma apresentação lúcida e serena, Matoso criticou a intervenção da burguesia internacional no Brasil, que foi incapaz de reconhecer os avanços obtidos pelo governo popular nos últimos anos. Criticou a condução do processo que condenou o ex-presidente Lula, o que, segundo ele, age abertamente em favor do governo norte-americano. “Não se pode pensar que isso faz parte de um processo de moralização do país, nem de luta contra a corrupção. Isso vem acompanhado de uma política colonialista”, alertou.

Matoso ainda pontuou que o conceito de que o brasileiro é um povo corrupto por natureza é ferramenta de manipulação e passa a ideia de que são diferentes de outros povos ao redor do mundo. “Os norte-americanos bombardearam a Síria a serviço das grandes petroleiras. Se isso não é corrupção, eu não sei o que é”, disparou, alertando que há setores da própria esquerda que se rendem à argumentação de que “o Brasil é um país de corruptos”.

Pessimista, Matoso acredita que as eleições de 2018 trarão um legado que aprofundará a polarização do país. “Após as eleições, deve piorar o ataque a entidades ligadas aos movimentos dos trabalhadores, aos sindicatos e às federações como a FNA”, projetou. E foi além ao pontuar a possibilidade de instituição de um golpe militar no Brasil. “As pessoas acreditavam que não iriam prender o Lula, e prenderam. As pessoas acham que não existe mais golpe militar, mas existe. É uma ferramenta que pode ser utilizada pelo imperialismo”, acrescentou. A posição foi reforçada pelo diretor sindical do nilo Matoso, coordenador do Arquitetos-DF, Nirceu Werneck, que também participou da mesa.

O presidente da FNA, Cicero Alvarez, pontuou que os sindicalistas têm sido ingênuos. “Não é com palavrório que vamos mudar a situação. Ou vamos encher os sindicatos ou a situação só vai piorar. Nosso papel é de ponte. Somos uma ponte entre o hoje e o futuro. Somos passagem e conscientização acima de tudo”. E defendeu que o movimento sindical deve dar oportunidade para as ideias. “Isso envolve planejamento de ações e desapego. Mas, acima de tudo, envolve comunicação com a base. Ou a gente aproxima com a base ou não vai haver revolução nenhuma. Direitos são dificilmente conquistados e facilmente retirados”, alertou.

A posição ganhou reforço nas palavras da arquiteta e urbanista Tainá de Paula, que defendeu uma maior aproximação com as bases. Segundo ela, os profissionais brasileiros não estão abertos a ouvir as lideranças sindicais, o que faz com que tenhamos que pensar melhor sobre a atuação e representação. A relação dos sindicatos com os trabalhadores foi reforçada pelas palavras do arquiteto e urbanista e representante do SASP, Guilherme Carpintero.

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