IAB: Um século de lutas pelas mãos de arquitetos e urbanistas

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) chega ao seu centenário hoje com uma trajetória forjada na dedicação, luta e na ação política. A organização mais antiga do Brasil voltada à arquitetura e urbanismo nasceu na Escola de Belas Artes (RJ) com o nome de Associação Brasileira de Architectos, pelas mãos de 27 dos chamados ‘engenheiros-arquitetos’, em 1921. Na época, o Rio de Janeiro ainda era a capital federal, e passava por um processo de expansão urbana e organização social.

Temas urbanas, legislação e proteção profissional, discussão sobre a formação e o exercício profissional, política urbana, valorização da cultura, das artes e do patrimônio, promoção de concursos de Arquitetura e muitas outras frentes pautaram a atuação do IAB ao longo desses 100 anos – sempre em consonância com o momento sociopolítico econômico. Fez parte das inúmeras as fases de transformação no país, décadas acaloradas como a luta contra a repressão e pela democracia, conquista de espaços no âmbito político, impeachment, escalada da inflação, Plano Real e outros tantos períodos que marcaram a história nacional.

“O mais emocionante da celebração do centenário do IAB é a compreensão de que sua bela história é um sonho de futuro”, pontua Maria Elisa Baptista, a primeira mulher a ocupar o cargo, em 2020.  Segundo ela, nesses 100 anos, o IAB foi construído com a participação de milhares de arquitetas e arquitetos durante congressos, seminários, além de diretorias, inúmeros colaboradores, parcerias com nossas entidades irmãs, com a sociedade civil. “Tudo isso construiu uma teia, uma rede, um multiverso, uma âncora em que podemos confiar para seguir trabalhando incansavelmente pela arquitetura, pela democracia, pela liberdade, pela cultura e pelo direito à cidade”, destacou. Maria Elisa afirmou que ainda há muito a ser feito nos próximos 100 anos, mas reflete que muito já foi feito. “A luta contra a ditadura Vargas, a luta contra a ditadura imposta pelo golpe de 64, que deixou tantos de nós para trás, a luta pela anistia, reforma urbana, pela constituinte. Refletimos, propusemos projetos de cidades saudáveis, inclusivas, generosas, realizamos inúmeros debates sobre a boa arquitetura, promovemos concursos, manifestos, publicações, além de termos uma ampla participação em conselhos e fóruns’, enumera.

Na arquitetura brasileira, houve a reunificação das entidades nacionais dos arquitetos (IAB, FNA dos Sindicatos, ABEA, AsBEA e ABAP) em torno de um projeto comum de Conselho próprio. O apoio e a pressão do IAB tiveram papel fundamental no apoio à criação e aprovação do projeto de lei que instituiu o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), em 2011.  ‘A história do IAB caminha junto com as múltiplas manifestações culturais do Brasil que se urbaniza no século XX, assim como também com a história de homens e mulheres que ajudam a construir a arquitetura e o urbanismo brasileiros, com identidade própria e referências em todo mundo”, considera a presidente da FNA, Eleonora Mascia. A organização que congrega sindicatos de arquitetos e urbanistas de todo o país reafirma seu compromisso com um país melhor e parabeniza o IAB pela bela trajetória, com conquistas fundamentais para a profissão.

Em âmbito nacional, o IAB integrou todas as etapas da Conferência das Cidades, arregimentando arquitetos das entidades, do poder público, da academia e de outros setores, assumindo o papel de formador de opinião nas discussões e votações. Também estabeleceu uma sólida parceria com o então Ministro das Cidades, Olívio Dutra, e a vice-ministra Ermínia Maricato.

Ao longo dos seus 100 anos, promoveu diversos debates sobre temas urbanos e valorizou projetos a partir de concursos, com destaque para o da urbanização da Rocinha (2005), o da Estação Antártica Comandante Ferraz (2013), o da Nova sede do CAU/BR e IAB/DF (2017)  e o do Memorial às Vítimas da Boate Kiss (2018).

Entre os próximos desafios da entidade, está a organização do 27º Congresso Mundial de Arquitetura e Urbanismo promovido pela União Internacional de Arquitetos (UIA), do qual o IAB é membro-fundador. A coordenação do Congresso espera reunir cerca de 15 mil arquitetos no Rio de Janeiro, em julho deste ano, com o tema “Todos os mundos, um só mundo. Arquitetura 21”.

Hoje, o IAB participa ativamente das discussões do CAU/BR. O Instituto integra o Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetos e Urbanismo (CEAU), órgão consultivo permanente do Conselho, que conta ainda com a participação da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA), da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) e da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA).

Para pontuar a passagem de seu centenário, o IAB lança Manifesto onde pontua os momentos mais marcantes de sua trajetória, seus compromissos como entidade de classe e conclama para o prosseguimento de suas lutas nos próximos 100 anos.

Confira o Manifesto

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