A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) realizou, no dia 19 de junho, visita ao Posto Territorial da Residência em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O encontro, realizado em parceria com o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado de Santa Catarina (SASC), objetivou apresentar o projeto Periferia Viva – Frei Damião às entidades de arquitetura.
A visita contou com a participação da presidente da FNA, Andréa dos Santos, do coordenador da Residência em Arquitetura e Urbanismo da UFSC, Professor Samuel Steiner dos Santos; a arquiteta do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM), Daniela Corinte Lopes; do presidente do IAB/DN Odilo Almeida, além da Diretoria do SASC e da equipe do Posto Territorial.
Frei Damião é uma comunidade situada no município de Palhoça (SC). É uma das maiores comunidades da região metropolitana de Florianópolis, com cerca de 14 mil habitantes e 3,7 mil moradias. O bairro, que é lugar de iniciativas locais, práticas culturais e memórias coletivas, segue na luta por acesso à infraestrutura urbana básica, serviços e equipamentos comunitários públicos e acesso à moradia adequada.
A comunidade está sendo acolhida pela Universidade, que habilita profissionais graduados em Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Sanitária Ambiental e Geografia, como parte integrante de projeto em Assistência Técnica em Habitação Social (ATHIS) que prevê direito social à moradia, regularização fundiária e melhorias urbanísticas de assentamentos urbanos de baixa renda.
De acordo com o professor Steiner, “a dura realidade urbana brasileira impõe às Escolas de Arquitetura e Urbanismo a criação de formas renovadas de ensino-aprendizagem capazes de valorizar a extensão universitária, o ensino e a produção do conhecimento como ferramenta de transformação”.
“Essa realidade demanda também por políticas públicas para suprir necessidades locais de comunidades desprovidas de habitação digna, saneamento e acesso à infraestrutura básica, direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal de 1988”, acrescenta o coordenador quanto ao que a arquitetura tem feito pelas populações mais vulneráveis, uma vez que os órgãos de planejamento municipais, metropolitanos e estaduais, pouco tem se mostrado efetivos para realização de ações, cenário acentuado pela escassez de profissionais capacitados à atuação nessas áreas.
Para Andréa, é notável que “o papel do arquiteto e urbanista nas questões que vão de encontro aos interesses da população, e em especial àquela em maior vulnerabilidade, é reforçado à medida que setores do poder público são cobrados para que haja uma maior participação de profissionais da categoria, afirmando por espaço nas tomadas de decisões que garantam habitação de qualidade aos brasileiros”.
Enquanto estratégia que colabora na reestruturação do percurso de formação do arquiteto e urbanista, a residência em Arquitetura e Urbanismo gera possibilidades de ensino, práticas de pesquisa e de extensão vinculadas aos princípios fundamentais na Lei Federal n°11.888/08 e na diversidade da população brasileira, como conclui Steiner:
“Sua essência norteadora está no atendimento às demandas das parcelas mais carentes da sociedade, onde o acesso à Arquitetura e Urbanismo pode configurar-se como promotora da qualidade de vida e de qualificação dos espaços de convivência e resgate da ancestralidade a partir do território.”
Fotos: UFSC