FNA alerta sobre disseminação de Covid-19 nos canteiros de obras

Declarada como atividade essencial na pandemia em um decreto presidencial de maio, o setor da construção civil vem acumulando casos de transmissão de coronavírus entre os trabalhadores. Em São Paulo, centro urbano com grande número de canteiros de obras, os relatos de transmissão e mortes entre os operários não param de crescer. Já foram comunicadas 57 mortes por Covid-19 no setor da construção civil paulista: 39 operários, cinco empreiteiros e 13 familiares. Os dados são do Sintracon-SP, sindicato que representa os trabalhadores do setor em SP.

O fechamento dos canteiros de obras como medida essencial para conter a disseminação da doença entre os trabalhadores foi recomendado por diversas entidades da sociedade civil logo no início da pandemia do coronavírus, mas poucos Estados seguiram a orientação e logo se curvaram ao decreto presidencial.

A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e entidades da arquitetura e urbanismo e de engenharia do país lançaram o manifesto nacional alertando sobre a necessidade de manter os canteiros de obras fechados como única forma de proteger os trabalhadores. A exceção, segundo o documento, são as obras voltadas ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e intervenções emergenciais necessárias para garantir a segurança da população e o convívio em quarentena.

Temos uma grande preocupação com os trabalhadores da construção civil, pois, além de ser local de atuação de arquitetos e urbanistas, os canteiros de obras são áreas de fácil disseminação da doença e que concentram grande número de operários. Já tivemos conhecimento pela imprensa de que há uma tentativa de abafar os altos níveis de contaminação que vêm ocorrendo no Brasil  para não impedir a paralisação das obras”, afirmou a presidente da FNA, Eleonora Mascia. Segundo ela, a pressão das construtoras foi aceita pelo governo sob o pretexto de que seriam demitidas milhares de pessoas no setor, mas a realidade é que os protocolos adotados pelas construtoras não estão evitando o crescimento da curva de contaminados. 

Atualmente, Sergipe, Ceará, Piauí e Amapá são os únicos Estados do Brasil em que as obras da construção civil estão suspensas na pandemia por força de liminar judicial, com exceção daquelas consideradas essenciais e inadiáveis. Em todo o país, permanecem em meio à pandemia 331 obras em andamento, com 95% dos trabalhadores e seus familiares expostos diariamente à contaminação por coronavírus.

Foto: KishoreJ / Istock

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