Entre a gravura e a roda: a arquiteta que dança as raízes brasileiras

“A partir do momento em que você produz arte, você também se envolve com a temática que está trabalhando. É assim que eu vejo o envolvimento que a arte traz”, o relato é da arquiteta e urbanista, vice-presidente do Sindicato dos Arquitetos do Estado da Bahia (Sinarq/BA), Paula Moreira.

Em cidades cheias de construções de concreto, a arte muitas vezes é uma rota de fuga do mundo que parece aprisionar todos aqueles que perambulam por suas ruas agitadas. Em semáforos que cronometram o tempo de espera, atenção e passagem de cada um, para pessoas como a arquiteta, de 53 anos, há pausas que não podem levar tanto tempo.

Tendo escolhido a arquitetura por ser uma área na qual conseguiria trabalhar e desenvolver não apenas a paixão pelo desenho, mas também pelos números, foi após tornar-se mãe e passar em um concurso que Paula, apaixonada pela ideia da criação visual desde os 18 anos, incentivada por uma amiga, ingressou no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Não parando por aí, foi em 2024 que ela também concluiu o que descreve como sua segunda linguagem de arte: a formação em dança.

“Tem um discurso que coloca que a gente tem que ser independente e a gente tem que buscar independência e liberdade, mas na verdade ninguém é independente e a liberdade não é algo que não tem a ver com o outro. Então, eu defendo muito o conceito da interdependência”, pontua a arquiteta e artista visual sobre escolher entre os caminhos da arquitetura e das artes.

Natural de São Paulo, foi há cerca de 30 anos que Paula mudou-se para Salvador, na Bahia, onde atua desde então, não apenas na área da arquitetura, mas também na área de artes como a dança e a gravura, alimentando suas criações a partir de tudo aquilo que seus olhos colhem do mundo, como, por exemplo, os mitos clássicos da região norte do Brasil, como a figura da sereia.

“As questões que a gente se debruça estão sempre colocadas no espaço, sempre causando territorialidades, causando territorializações e conflitos também. Então, a arte me ajuda a me expressar enquanto uma crítica à falta do direito à cidade, a questões ambientais que a gente está longe de resolver”, conta a artista, que também é responsável por um coletivo chamado “Resistência Arte”, trabalhando a arte na perspectiva crítica e política.

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