Camila Silva/Imprensa FNA
Dois mundos inseparáveis. Assim, Emiliano Freitas define a relação entre as duas profissões que escolheu seguir: a arquitetura e a cenografia. Natural da cidade de Tupaciguara, interior de Minas Gerais, Freitas cursou um semestre de engenharia civil e logo percebeu que se identificava mais com a arquitetura. Durante o período em que estudou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), aproximou-se do curso de Artes Cênicas. Transitar entre as cadeiras que exploravam as artes se tornou rotina para o então estudante.
Após se formar em Arquitetura e Urbanismo em 2007, Freitas trabalhou por cerca de dois anos em escritórios de arquitetura. Em 2010, o arquiteto foi aprovado em um concurso para cenógrafo do curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Por seis anos, foi responsável pela construção dos espaços cenográficos, principalmente em espetáculos de dança e peças teatrais. No período, especializou-se em Artes Visuais: Cultura e Criação pelo SENAC/MG e tornou-se mestre em artes cênicas pelo programa de pós-graduação em artes da UFU.
Ao contrário do que se pode imaginar, Freitas diz não ser uma exceção entre os profissionais da área. “As escolas de cenografia estão cheias de arquitetos trabalhando”, afirma. A cenografia possibilita a aplicação de diversas técnicas aprendidas no curso de arquitetura, uma vez que um cenógrafo é responsável pela criação, conceituação e projeção dos espaços de um espetáculo, segundo o arquiteto.
Se, ao atuar como cenógrafo na UFU, Freitas aplicou as técnicas arquitetônicas na cenografia, em 2016, o profissional fez o caminho inverso e, desde então, é professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) – Regional Goiás. Para as quatro turmas do curso, que juntas totalizam 120 alunos, o professor apresenta as técnicas cenográficas, proporcionando aos futuros profissionais um olhar técnico que ultrapassa a projeção de espaços e analisa a profissão de uma maneira mais ampla e sensível. “Os estudantes aceitam e assimilam as propostas de aula que, teoricamente, fogem da temática abordada nas disciplinas dos cursos de arquitetura e urbanismo das universidades em geral”, explica.
Com relação ao currículo dos cursos, Freitas avalia que há um grande número de assuntos a serem abordados ao longo da graduação, o que resulta na exclusão de determinados temas. Em geral, as grades curriculares contemplam disciplinas mais técnicas, afirma.
Entre as atividades que desenvolve, Freitas destaca o projeto de leituras dramáticas, no qual os alunos aprendem a trabalhar profissionalmente e a analisar o cenário projetado por eles. “É um processo de ampliação de repertório”, ressalta. Para colocar em prática esse processo, o professor destaca a importância das horas complementares e de projetos de pesquisa nas graduações.
Freitas concentra suas pesquisas principalmente em cenografia, dança contemporânea, composição em tempo real e arte contemporânea. O professor integra o grupo de pesquisa Dramaturgia do Corpoespaço, que analisa a composição da dança contemporânea em tempo real, tendo como foco o corpo na relação com o espaço.
Em parceria com o também arquiteto e professor da UFG Edinardo Lucas, Freitas elaborou e dirigiu o curta-metragem Só penso em… Lançado em janeiro desde ano, o filme rendeu a ambos o prêmio de melhor roteiro e menção honrosa no 3° Festival Internacional da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás (DIGO). Os profissionais se conheceram durante a graduação de arquitetura e urbanismo, e a ideia do filme nasceu durante o Seminário de Filosofia e Erotismo, realizado pela Faculdade de Filosofia da UFG. “É um filme feito por arquitetos e tem muitas referências arquitetônicas na construção, mas é um filme sobre erotismo, e não sobre arquitetura”, destaca Freitas.Emiliano Freitas e Edinardo Lucas durante premiação Foto: Marianna Cartaxo