Dedicação e enfrentamento marcaram trajetória de Eduardo Bimbi

Nesta terça-feira (18/03), a Arquitetura e Urbanismo perdeu Eduardo Bimbi. Além de uma grande perda para a categoria, Bimbi deixa familiares, amigos, colegas de profissão e de luta sindical. Porém, o arquiteto e urbanista também deixa um legado de dedicação ao enfrentamento de questões trabalhistas e de batalha por cidades melhores.

Eduardo Bimbi, com suas ideias firmes, presidiu a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) nas gestões 1998/2001 e 2001/2004. Além de ocupar atualmente o cargo de presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Rio Grande do Sul (Saergs), também presidiu o sindicato em 1992 após renúncia por parte da diretoria, mostrando, assim, seu espírito de liderança.

Durante seu período à frente da federação, foram estruturados vários sindicatos e secretarias hoje fundamentais para a FNA. No livro Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Rio Grande do Sul Memória de Quatro Décadas (1973-2013), Bimbi define sua trajetória como presidente da entidade como complicada, mas educativa. “…meus dois mandatos foram tomados por como criar consenso, como construir um conselho próprio, como fazer os acordos, como fazer todas as partes entenderem que cada parte tinha sua peculiaridade e que ninguém podia ser predominante. Foi bastante complicado, mas bem educativo, para mim, pelo menos.”

Na presidência do Saergs, o arquiteto e urbanista tinha a sede da entidade como sua segunda casa. Incansável nas lutas e com um perfil solucionador, mobilizou a categoria e novas lideranças.

Cícero Alvarez, ex-presidente do Saergs na gestão 2011-2013 e ex-presidente da FNA na gestão 2017-2019, conta que o dirigente teve importância fundamental para a profissão de arquiteto e urbanista. “Inteligente, articulado, com trânsito em diversas áreas e categorias, foi peça fundamental para a consolidação da autarquia após sua criação. Sempre colaborou para alcançar o que entendia como melhor para a categoria de arquitetos e urbanistas. Deixa passagens marcantes na presidência e diretorias da FNA e Saergs. Fará falta. Obrigado pelo xadrez que era a nossa amizade.”

Para Newton Burmeister, vice-presidente do Saergs na gestão 1977-1980 e ex-presidente da FNA na gestão 1986-1989, Bimbi deixa a memória de dedicação e responsabilidade. “É uma notícia muito triste. A lembrança que tenho dele, e a lembrança que fica, é de um companheiro dedicado, responsável, organizador e sempre presente. Vai fazer falta, muita falta. Ele era uma espécie de pau pra toda obra, confiável, que assumia tarefas e as resolvia. Iniciativa era uma de suas características.”

Foi um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Confederação dos Trabalhadores Técnicos e Universitário da CUT (Confetu), e trabalhou pela criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Sua experiência foi crucial para o desenvolvimento dos primeiros anos do conselho, onde atuou como executivo.

Clovis Nascimento, engenheiro civil e sanitarista, ex-presidente da Confetu e atual diretor financeiro, definiu Bimbi como um guerreiro. “Foi com muita tristeza que recebi a notícia da partida do companheiro Bimbi. Grande guerreiro de muitas lutas que juntos participamos, deixa um importante legado de ter combatido o bom combate em defesa de um Brasil mais justo, fraterno e desenvolvido.”

Atualmente, além de presidente do Saergs, atuava como conselheiro consultivo da FNA. Colega de Conselho e amiga de longa data, a arquiteta e urbanista Valeska Peres Pinto, foi enfática: “Posso dizer que acompanhei muito de perto toda esta trajetória. Em 2013 fomos juntos para o Conselho Consultivo com os demais presidentes, onde não negou seu apoio às direções da FNA que se seguiram.” Valeska também relembrou qualidades do amigo. “Ele foi um dirigente atencioso, dedicado, resistente a holofotes. Confiava em seu trabalho e na ação coletiva. Deixa saudades e lembranças para todos que o conheceram.” 


Também ocupava cargo de assessor Especial de Fiscalização do Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT), motivo que lhe levou a estabelecer residência em Brasília (DF).

A presidente da FNA, Andréa dos Santos, Bimbi era, além de profissional e sindicalista dedicado, um grande amigo. “Ele dedicou boa parte da vida e da trajetória profissional ao movimento sindical, a FNA e ao Saergs, mas principalmente à construção de um campo melhor para o trabalho dos arquitetos. Foi e sempre será um grande exemplo para todos nós, combativo, controverso e que acreditava na lealdade das pessoas. Uma figura que fará muita falta na vida, nas lutas, nos debates e na construção coletiva.”

O arquiteto e urbanista deixa a mãe Antoninha Bimbi, 101 anos, dois irmãos, sobrinhos e amigos.


Fotos: Arquivo FNA/Valeska Peres Pinto

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