Mais um patrimônio histórico destruído pelo fogo

Mais um patrimônio da humanidade destruído pelo fogo. Desta vez,  foi a Catedral de Notre Dame, em Paris, um dos mais importantes símbolos da cidade, da França e do mundo. Os danos ainda não foram mensurados, mas levam da população mundial mais de 800 anos de cultura, história e religiosidade expostas em um dos locais mais visitados do planeta.

As investigações sobre as causas da tragédia foram instauradas e a comunidade internacional se mobiliza na busca por explicações e pela reconstrução do monumento. Mobilização esta que, de acordo com a vice-presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, pode ser remetida ao incêndio ocorrido no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2 de setembro de 2018. “Assim como a Notre Dame é do mundo, o Museu Nacional também era. É cedo para falar em responsáveis, por isso, é tão importante a mobilização global para buscar as causas e trabalhar pela reconstrução”, declara.

Para o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor titular de Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da UFRJ, Carlos Vainer, a perda de um patrimônio dessa envergadura traz à tona os grandes desafios ligados à sua preservação enquanto patrimônio histórico. “São materiais muito sensíveis, delicados e vulneráveis”, lembra.

Ele, que acompanhou de perto a tragédia ocorrida no Museu Nacional, ressalta que, na noite do incêndio, não havia autoridades no local como há em Paris enquanto a basílica é consumida pelas chamas. Também lembra que, enquanto há 400 bombeiros no combate às chamas da Notre Dame, no museu brasileiro, não havia água nos hidrantes. “Aqui no Brasil, criminalizaram as próprias vítimas (referindo-se à UFRJ) pelo incêndio e não vimos nenhuma autoridade no local da tragédia. Lá, as autoridades estão mobilizadas e presentes no local”, cita.

O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Nivaldo de Andrade Júnior, salienta que ambos os museus são símbolos de seus países, porém, pontua que o Museu Nacional não era tão visitado e prestigiado como a catedral francesa.. De acordo com ele, o fogo também destruiu parte da história do restauro na Arquitetura. “A agulha que despencou foi reconstruída na reforma da Igreja no século XIX. A Notre Dame é uma das primeiras referências no restauro mundial. Se perde a história da arquitetura e de como se restaurava no passado”, frisa.

Para o ex-presidente da FNA e atual presidente do Conselho de Arquitetura e urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), Jéferson Salazar, o momento é de luto pela perda. E, respeitadas as diferenças culturais, de manutenção, de edificação, de história e de todas as condições que envolvem a concepção e manutenção dos patrimônios europeu e brasileiro, ambos perdem acervos que pertencem a toda a humanidade.

Foto: Julie Carriat / Reuters / Agência Brasil

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