Casa pensada para a terceira idade

Em menos de seis meses, um terreno de mil metros quadrados da Serra da Cantareira, em São Paulo (SP), com 75% de área preservada, ganhou cores e novos moradores. Embalado pelas mudanças na vida dos pais, o arquiteto e urbanista Hélio Carneiro Júnior, de 45 anos, do escritório Hom Arquitetura, deu início, em fevereiro de 2014, a um projeto que uniu sensibilidade e acessibilidade a uma construção de 160 metros quadrados.

O projeto foi pensado para abrigar o casal Hélio Carneiro, que hoje é falecido, e Maria Helena Carneiro, de 62 anos. A proposta privilegia espaços amplos, estrutura completa no nível que dá acesso à rua, sem degraus e desníveis, e abertura nos cômodos com medida mínima de 90 centímetros de largura. O compromisso de preservar a área de Mata Atlântica facilitou a aprovação do projeto pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA), segundo o arquiteto. Em agosto, os novos moradores já haviam feito a mudança.

Foto: Evelyn Müller

A proposta foi feita sob medida para a nova condição dos pais, com foco em Carneiro, que estava com a saúde comprometia após um histórico de Acidente Vascular Cerebral (AVC), conforme explica o arquiteto. “Comecei a pensar no processo de envelhecimento dos meus pais e sabia que o projeto para uma nova moradia tinha que ter jardim, paisagem e casa. Foi então que decidi inverter o modo mais convencional de se pensar em um sobrado e uni acessibilidade, mesmo que não fosse necessário ainda o uso de cadeira de rodas e tudo o que se pensa quando se fala em acessibilidade”, explica. “Foi uma casa feita para ele”, diz, fazendo referência ao pai.

Foto: Evelyn Müller

O projeto foi criado com base em dois níveis: térreo e inferior. No térreo, a construção possui suíte, cozinha, lavabo e lavanderia. Além disso, dispõe de um acesso para o jardim e uma horta, pensada para o cultivo de temperos. Já na parte inferior, há espaço para varanda gourmet, banheiro e dois dormitórios, sendo que um deles é reversível e pode ser transformado em ateliê. “É uma casa pensada para a terceira idade”, pontua.

O arquiteto confessa que, inicialmente, o projeto não havia ficado claro para todos que, com o tempo, acolheram a ideia. “As pessoas não entendiam como era possível ser uma casa acessível se tinha degraus na parte inferior. Quem olha não identifica os elementos logo de cara, mas aconteceu naturalmente, não era para parecer uma adaptação”, afirma. “Não é necessário abrir mão de espaços, já que no nível térreo há acesso para tudo. No outro nível, o espaço é mais direcionado para as visitas”, complementa.

Foto: Evelyn Müller

Dessa forma, segundo ele, foi possível entregar uma casa simples, confortável e acessível com investimento de R$ 2,3 mil por metro quadrado. Com isso, o seu pai conseguiu unir um ambiente de segurança e harmonia para aproveitar a companhia da família, enquanto  sentia o aroma dos pés de limão siciliano plantados no jardim.

Foto: Evelyn Müller
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