Texto: Patrícia Feiten*
Um dos nomes mais importantes da arquitetura brasileira moderna, o arquiteto e urbanista Paulo Hamilton Casé morreu na segunda-feira (27/08), aos 87 anos, cerca de um mês após ter sofrido um acidente vascular cerebral. Em mais de 60 anos de carreira, imprimiu sua marca na paisagem urbana do Rio de Janeiro, tendo sido autor de projetos como o Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca (zona oeste carioca), feito para os Jogos Pan-Americanos de 2007; hotéis de luxo como o Le Méridien (atual Hilton, na zona sul), agências bancárias e obras de urbanismo.
“Paulo Casé foi um dos mais importantes arquitetos e urbanistas cariocas das últimas décadas. Além das dezenas de projetos de edificações espalhados por todo o Brasil, com destaque para os diversos hotéis que marcaram o boom do turismo nos anos 1970 e 1980, elaborou projetos urbanos importantes, vencedores de concursos públicos, como o Favela Bairro Mangueira e Rio Cidade Ipanema”, destaca o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Nivaldo Andrade Júnior.
Considerado um arquiteto de vanguarda, Casé nasceu no Rio de Janeiro, em 1931 e formou-se na antiga Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil em 1958. Foi muito influenciado pelo arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright e seus primeiros projetos refletem a tendência moderna do pós-guerra conhecida como brutalismo, caracterizada por construções de concreto armado aparente e acabamento rústico, em contraste com a arquitetura praticada até então, que valorizava a ornamentação.
De acordo com o IAB, Casé começou cedo na arquitetura, desenvolvendo inúmeros projetos residenciais para a construtora Sisal, como os famosos edifícios “Estrela” (Estrela de Ouro, Estrela Brilhante, Estrela da Lagoa e Estrela de Ipanema).
Especializado em hotéis, projetou o JW Marriot, em Copacabana (zona sul), além de inúmeros outros pelo país, como o Porto do Sol, em Guarapari, no Espirito Santo Também projetou a sede do Banco Safra, na Barra da Tijuca. Para o mesmo bairro, criou um de seus últimos projetos, o Centro Metropolitano.
Na área de urbanismo, desenvolveu os projetos do Rio-Cidade nos bairros de Ipanema e Bangu, e da Cidade das Crianças, no bairro de Santa Cruz (zona oeste). Atuou também na urbanização de favelas, com o projeto da Favela-Bairro da Mangueira (zona norte), onde criou um conjunto habitacional de blocos desalinhados e um viaduto curvilíneo conectando a parte baixa e o alto do morro. A obra social foi considerada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) um projeto-modelo e exemplo de políticas públicas no combate à pobreza e à miséria. Seu interesse pelas favelas também se refletiu no livro “Favela: Arenas do Rio”, publicado em 1996, pela editora Relume Dumara.
Entre 1980 e 1990, Casé manteve uma coluna no Jornal do Brasil, aos sábados. Em 2011, ao completar 80 anos, lançou o livro “Paulo Casé 80 anos: vida, obra e pensamento”, publicado pela Casa da Palavra.
O arquiteto também esteve no centro de polêmicas. Seu Pórtico de Ipanema, no cruzamento da Rua Visconde de Pirajá com a Avenida Henrique Dumont, no Rio, acabou sendo derrubado no início do mandato do prefeito Eduardo Paes, após reclamações de moradores.
De acordo o site do escritório de Casé, todo o seu trabalho é norteado por um premissa: “a questão é o homem, sempre o homem, sempre ele a frente de tudo”.
*Com informações do Jornal do Brasil e do IAB
Fotos
Destaque: Paulo Casé (paulocase.com.br)
Acima: Parque Aquático Maria Lenk (Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro)
Demais: Edifício Estrela de Ipanema, Hotel Porto do Sol, Centro Metropolitano e Banco Safra (paulocase.com.br)